segunda-feira, julho 14

Contracapa de Bing

& ninguém está mais no escuro do que o cara que manipula o holofote

& pensei que aquilo ia ser como um copo de água-de-coco, mas foi um picolé de água-do-mar

& às vezes parece que a gente está fugindo a pé e perseguido por um tanque de guerra

& certas frases têm uma melodia macabra em qualquer idioma

& no amor não se pode procrastinar decisões, é um xadrez com peças de gelo

& publicar por editora pequena é tocar guitarra sem amplificador

& em breve vai chegar a moda das duplas caipiras com irmãos siameses

& no dia que aparecer uma zebra com as cores das listras invertidas ninguém vai perceber

& uma cidade é uma torre que cresce na largura

& ator de verdade carrega o palco na sola dos pés

& tem gente que vende a alma e fala mal de quem vendeu o corpo

& se todos os loucos de um hospício tivessem a mesma alucinação, não sei não

& vai chegar o tempo em que bandeira de país vai vir com um código de barras

& não sei o que é mais numeroso, espécies de besouros ou modelos de roupas

& fora da jaula todo bicho é fera

& é melhor ser arroz de festa do que cafezinho de velório

& um milagre que se repete se desvaloriza

& a nova mutação no mundo moderno é o Sentauro, tronco de homem e quatro pernas de cadeira

& a Geometria não deve ser reducionista, mas é impossível dispor de uma régua para cada formato de curva

& sou professor de fracasso na Escola do Sucesso

& ninguém tem o direito de dizer tudo que pensa, e um escritor não tem a obrigação de pensar tudo que diz

& coitado do Sol, que não consegue enxergar as sombras que projeta

& a frase manuscrita é o registro sismográfico do que acontece aqui dentro

& é isso que nos aguarda: uma biblioteca só de Bíblias

& não precisamos encontrar todas as respostas, é preciso deixar alguma distração para as gerações futuras

& eu era feliz e não sábio

Nenhum comentário:

Postar um comentário