quarta-feira, outubro 29

O futuro da edição

Embora trabalhe num grupo editorial de peso, não me são estranhas as preocupações das editoras independentes, não só em Portugal, onde a ausência de livrarias de nicho ou de fundo é marcante, mas também lá fora, em países onde as coisas vão de mal a pior. Num artigo da Bookseller, divulgado pelo consultor editorial Nuno Seabra Lopes, tomo conhecimento de que cerca de vinte editoras independentes do Reino Unido publicaram uma carta aberta explicando que se encontram numa «crise existencial», pedindo ajuda para poderem sobreviver. Elencam os problemas que as afectam, entre os quais o aumento dos custos de produção (papel, energia...); as dificuldades logísticas e comerciais (parcialmente devidas à saída da União Europeia e às decorrentes complicações alfandegárias); a dificuldade em penetrar no mercado livreiro ou nas redes de distribuição (como cá, em que só as grandes editoras conseguem chegar a todo o retalho); a falta de cobertura mediática e a diminuição do espaço para a promoção de livros na imprensa; e ainda o excesso de trabalho dos funcionários destas editoras e a sua insegurança quanto ao futuro, que gera muitas vezes problemas de depressão e/ou esgotamento. Houve várias chancelas que acabaram e editoras que tiveram de fechar portas, afectando claramente o mercado, pois de repente tudo corre o risco de se tornar industrial e apenas entertaining, o que é perigosíssimo para o desenvolvimento das mentalidades. Cá (excepto no caso da não pertença à União Europeia) passa-se exactamente o mesmo, e não me parece que tenhamos um executivo especialmente preocupado com os livros e a leitura. Deveríamos escrever-lhe uma carta aberta?

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