Nas raças mais cultas, mais refinadas e mais nobres, o sentimento surge como a qualidade suprema do ser. Uma pessoa verdadeiramente culta nutre seus sentimentos na flor, na criança, na mãe.
Hoje, uma geração ridícula, dominada pela sagacidade e pela ostentação, vangloria-se na arte, na poesia, na vida, de prescindir do nobre. Porque ao amor, de que tanto se fala, também não é atribuído um valor nobre, um equilíbrio entre espírito e corpo. Mas, de repente, uma mensagem distante nos chega de certos países — Japão, Estados Unidos — e nela esses valores profundos são exemplificados.
Nisto, como em tantas outras coisas, Dom Francisco era universal. Os grandes homens das civilizações passadas, os grandes homens de hoje, tendem à generalidade dos sentimentos, sem exclusão. Natureza, amor, lar, trabalho; e na natureza, a montanha e o festival; no amor, a esposa, a irmã, o amigo, o filho, o animal; no lar, prazer, cuidado, diligência; no trabalho, totalidade, a recriação da totalidade, a realização da totalidade do que se deseja para a eternidade.
Claro, isso também depende da paisagem, da casa, do trabalho, do amor — mãe, esposa — que se teve. Um homem superior é um homem meramente inteligente, mas a inteligência não proporciona sentimento como um extra. Mas muito mais superior é um homem de sentimento profundo, em quem a inteligência também está presente.
Juan Ramon Jimenez, "Um leão andaluz"

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