quinta-feira, dezembro 20

Há 200 anos...

Uma belíssima jovem e seus velhíssimos anões completam hoje 200 anos de muita fantasia para o público infantil. Com “Branca de Neve”, nesta data, também aniversariam “A Bela Adormecida, “O Chapeuzinho Vermelho” e “Hansel e Gretel” (no Brasil, “João e Maria”), todos protagonistas das histórias publicadas naquele distante 20 de dezembro de 1812, quando saiu nas livrarias “Os contos de fadas dos irmãos Grimm”, a segunda obra mais lida da literatura alemã depois da Bíblia de Martinho Lutero e que hoje, traduzida para 170 idiomas, integra desde 2005 o programa Memória do Mundo da UNESCO.  
Jacob e o irmão Ludwig Emil Grimm, que completarão em 2013 o sesquicentenário de morte (respectivamente 20 de setembro e 4 de abril), eram lingüistas e filólogos que escreveram obras sobre gramática, mitologia e mesmo um dicionário de alemão. O interesse dos irmãos pelos contos populares, iniciado na Universidade de Marburgo, fez com que recopilassem e escrevessem relatos da tradição oral alemã, que atualmente não seriam aptas para crianças. Nas sucessivas edições foram suavizados muitos dos argumentos, inclusive com a eliminação de referências sexuais e mesmo detalhes de crueldade da versão original como o uso de sapatos de ferro em brasa pela madrasta de Branca de Neve até a morte.
As celebrações serão realizadas no próximo ano em Kassel, onde os Grimm trabalharam entre 1798 e 1841. A cidade apresentará a “Expedição Grimm”, como uma das sedes de Documenta, a maior mostra de arte contemporânea do mundo que acontece na cidade a cada cinco anos.
* Ilustração antiga de "Hansel  e Gretel"

terça-feira, dezembro 18

Nova edição de '+ Leitura'

Já está sendo distribuída na livraria a nova edição de "+ Leitura", publicação produzida para a Canto do Livro. Com destaque, a reportagem sobre os dados do Diagnóstico do Setor Livreiro de 2012, que indicam um crescimento física das grandes livrarias e a redução do espaço para os livros.

quinta-feira, dezembro 13

O pequeno espaço do livro

As tiras de humor relacionadas à economia, publicadas pela lendária revista “The New Yorker”, foram recolhidas no livro “O dinheiro em The New Yorker: A economia em vinhetas”, recentemente publicado na Espanha. As ilustrações retratam e criticam a visão econômica dos anos 20 até a atualidade. Como não poderia deiar de ser, lá está também a pequena livraria - "Lugar do Livro" -  bem ao lado da monumental empresa de seguros.  

Achado o primeiro conto de Andersen

Mais de 150 depois do surgimento de textos como “O patinho feio” ou “ O novo traje do imperador”, foi descoberto em um arquivo de Odense, na Dinamarca, um conto inédito de Hans Christian Andersen, já considerado como o primeiro que escreveu. Os especialistas consultados pelo jornal Politiken estão convencidos de que “Tællelyst” (“A vela de sebo”) é mesmo de Andersen e pode ser a sua primeira obra, escrita ainda quando o escritor dinamarquês era estudante, entre 1822 e 1826.
  A descoberta foi feita pelo historiador local Esben Brage ao consultar um caderno de 190 anos que tinha na capa o nome “Andersen”, guardado em um arquivo na ilha de Fünen. No conto de 700 palavras, a vela é um ser animado que depois de várias decepções encontra seu lugar na vida, ao ser acessa. O texto tem uma dedicatória a madame Bunkelflod, viúva do pároco que vivia em frente à casa de Andersen e que emprestava livros ao estudante.

quarta-feira, dezembro 12

Humor... em tempo de crise

O livreiro, herói anônimo


Com a euforia da entrada dos e-books no país, o maior protagonista do mercado livreiro parece um pouco esquecido, para não dizer jogado para lateral. O personagem é aqui revivido no artigo de Torrieri Guimarães, publicado na revista ANL, da Associação Nacional de Livrarias. Como afirma Torrieri, "o livreiro semeia livros. Não colhe aplausos, mas tem em cada cliente conquistado a gratíssima certeza do dever cumprido". Eis o artigo:

O LIVREIRO, HERÓI ANÔNIMO

Vemos exaltados, com frequência, na mídia, escritores e editores e, na maioria dos casos, com inteira justiça pelo trabalho que realizam. Na cadeia produtiva do livro, porém, há um grande herói anônimo que, apesar de sua comprovada importância, quase nunca é lembrado. Ficaram na memória dos que acompanham o movimento editorial algumasfiguras exponenciais, como os franceses Garnier e Garraux, o carioca Francisco Alves, os paulistas José Olympio (que começou sua carreira na Casa Garraux, em São Paulo, aos 18 anos) e Monteiro Lobato, que nacionalizou a impressão e a venda de livros em grande escala. Ainda no começo deste século, Lobato, tentando suprir a falta de livrarias, lançou o projeto de vender livros em farmácias, quitandas e onde mais houvesse pessoas interessadas nesse difícil mister.Menos do que um comerciante típico (embora precise sê-lo), o livreiro no Brasil é a pessoa que tem um vínculo muito forte, quase afetivo, com o livro, que o respeita mais do que uma simples mercadoria, defendendo-o como indispensável à formação da personalidade, ao aprimoramento cultural, e como ferramenta para o crescimento profissional em todas as áreas.Na sua loja, discreto, amável, silencioso, sem o estardalhaço publicitário de outros ramos de comércio – que a pequena margem de lucro de seu negócio impossibilita –, o livreiro tem sido, nos dois últimos séculos, o profissional que mantém azeitadas e funcionando as engrenagens da indústria do livro no Brasil. Conheci alguns que, depois de 50 anos de trabalho diário em sua livraria, pernas já vacilantes, ganhavam novas forças, subiam altosdegraus de escadas, para apanhar um livro pedido  pelo freguês – pelo simples prazer do atendimento.Não há nenhum reconhecimento explícito ao seu trabalho – e ele não o reivindica.Ao contrário, sempre que pode, em seminários e convenções, apenas levanta sua voz para lembrar a importância do livro, do hábito da leitura, a necessidade de medidas que reforcem a presença do livro como veículo de cultura e base da Educação. Nos últimos anos triplicou o número de livrarias no Brasil. Surgiram as megas nas cidades grandes, cresceu a presença do capital estrangeiro, cuida-se de oferecer a leitura por todos os meios físicos e eletrônicos. Em todo o Brasil há uma cruzada pela leitura, em programas privados e do Governo.Surgem novos canais de venda, informatizados. E de tudo isso se beneficia a nossa gente, graças ao trabalho silencioso, anônimo, perseverante, do livreiro, seja nas metrópoles, seja nas pequenas cidades deste país imenso.Muitas vezes ele é a sentinela mais avançada nos povoados distantes, vigilante oferecendo a sua inestimável cooperação. Num país onde a Educação ainda é precária, no qual crianças mal aprendem a ler e escrever e o analfabetismo ainda é uma nódoa vergonhosa, o livreiro faz seu importante trabalho.O livreiro semeia livros. Não colhe aplausos, mas tem em cada cliente conquistado a gratíssima certeza do dever cumprido. E isso lhe basta.
(Publicado aqui em PDF)