sábado, maio 31

Pose da atriz

 Ginger Rogers com seu quinto marido, 
o ator William Marshall, aparentemente
representando para um filme 

O pecado do poeta

"Você quer saber qual é o meu pecado? É que eu não me farto de livros, embora eu os tenha mais talvez que o necessário. Acontece que essa caçada é i­gual às outras: o sucesso espicaça o desejo. Além do mais, os livros têm uma atração sin­gular, exclusiva deles: o ouro, a prata, as pérolas, um traje de púrpura, uma casa de mármore, quadros, um campo bem cultiva­do, um cavalo ricamente arreado, todas es­sas atrações e tudo o mais proporcionam apenas um prazer chocho e superficial; só os livros levam a satisfação até o fundo da alma, Eles nos falam, nos dão conselhos, se unem às nossas vidas, graças a uma familiaridade harmoniosa e ativa"
*** 

O poeta italiano Francesco Petrarca (1304/1374) morreu lendo na pequena casa que ele mesmo construiu em Pádua, cercado de livros, aproximadamente 200 volumes, quantidade considerável numa biblioteca particular da época. O poeta se consagrou aos livros: "Companheiros misteriosos que, de todos os, países, os séculos conduziram ao meu regaço, ilustres por sua linguagem, por seu gênio. Eles não são difíceis: um canto da minha modesta casa basta para acomodá-los. Eles são dóceis, sempre atentos aos nossos chamados, jamais importunam. Afastam-se quando o desejamos e correm para nós ao primeiro aceno". 


Táxis viram bibliotecas colaborativas


Uma frota de cerca de 10 mil carros da Easy Taxi começou a circular no Rio com perto de 80 mil livros doados pelo Grupo Saraiva para o projeto Bibliotaxi. O objetivo é que o passageiro se interesse por um livro, leve com ele e coloque novamente em circulação em sua próxima corrida, nos bolsões customizados localizados no encosto do banco dianteiro do passageiro nos veículos. O projeto já existe em outras cidades brasileiras e da América Latina, como Bogotá, que, desde 2009, tem à disposição milhares de livros de papel e digitais através do projeto Bibliotaxi. 

sexta-feira, maio 30

Biblioteca na praça

Na Praça de Londres, em Lisboa, uma antiga cabina telefônica inglesa tornou-se mini-biblioteca de bairro com 50 a 60 livros, doados por editoras, livrarias e por moradores do bairro. No ano passado, surgiu um projeto semelhante - uma biblioteca numa cabine - em Barcelinhos, no norte do país, e há outras experiências do gênero em outros países. Nesta nova Cabine de Leitura, que terá também livros para crianças e jovens, cada pessoa que quiser levar um livro de empréstimo, terá de deixar outro em troca. 

Oremos




Oración de la bibliotecaria


 Isabel Álvarez


Libro nuestro
en los estantes quieto.

Sal a la calle, sin miedo,
que para eso estas hecho.

Tú que siempre aconsejas
a todo aquel que se deja.

Danos tu sabiduría,
que sea el pan de cada día.

Pasa de mano en mano,
para que todos te leamos.

Tú, gran amigo discreto
que sabes guardar un secreto.

Perdona a los que no te cuidan,
como nosotros los perdonamos.

Rogamos que te devuelvan,
que no caigan en la tentación,
y líbranos del mal lector.

Amen.

Exclusividade em braille



Você não poderá ler o livro Palavras Invisíveis, recém-lançado pela Fundação Dorina Nowill. E é exatamente esta a intenção da organização que atua há quase 70 anos na inclusão social de pessoas com deficiência visual. O lançamento será feito exclusivamente em braille para provocar o debate sobre a importância do acesso universal à bens culturais. Segundo a fundação, 95% das obras não têm versão em braille. Sob o tema “Tudo aquilo que não se pode ver”, Palavras Invisíveis conta com 10 textos inéditos de renomados autores brasileiros, entre eles Luis Fernando Veríssimo e Lya Luft. A obra será distribuída em escolas públicas e, pelo menos por enquanto, não haverá versão sem ser em braille no mercado editorial. Mas as histórias podem ser escutadas no hotsite de Palavras Invisíveis  por meio de vídeos em que pessoas com deficiência visual leem os textos dos autores.

Voz da poeta

Hilda Hilst lê quatro poemas do livro "Do desejo" 
em gravação no princípio dos anos 1990

quinta-feira, maio 29

Saul Bellow diante do espelho

Na primavera de 1964, Saul Bellow reescreveu “Herzog” quase por completo e o mandou a seu editor em Nova Iorque. Umas 50 páginas não chegaram a seu destino. Fizeram parte de um assalto ao correio de Hyde Park, bairro de Chicago, onde vivia o escrito e onde agora tem sua casa o presidente Barack Obama. Os ladrões escaparam em um Cadillac amarelo com o dinheiro e as bolsas do correio.  
Em seguida, os assaltantes espalharam o que não servia a eles em terrenos baldios a oeste do rio de Chicago. O que sobrou das páginas de “Herzog” apareceu dias depois. Os ladrões foram presos e o dinheiro recuperado, mas meu trabalho estava reduzido a farrapos (minha primeira recepção crítica?)”, escreveu Bellow a uma amiga.


Bellow voltou a corrigir mais uma vez a novela, fez e refez quase até a impressão. Já havia mudado o título inúmeras vezes (um das opções era “O fornicador”) e até eliminou detalhes mais crus. A única parte intocável foi a primeira frase: “Se estou de lua, tanto melhor, pensou Moses Herzog”
“Bellow não tinha grandes expectativas para “Herzog”. Acreditava que talvez vendesse 8 mil exemplares. Se decepcionara muitas vezes e quanta gente queria ler um livro sobre um obscuro acadêmico, que escreve cartas aos mortos? Ele foi o mais surpreendido por seu êxito”, escreve James Atlas, o editor e autor da biografia de referência sobre Bellow, que lhe deu acesso às suas cartas e a seus familiares.
A editora teve que imprimir uma segunda edição de “Herzog” (capa da 1ª edição ao lado) uma semana depois de por à venda o livro. Vendeu mais de 140 mil exemplares em capa dura e mais de 1 milhão em edição de bolso em seu primeiro ano. Passou 42 semanas na lista dos livros mais vendidos do jornal New York Times, que no dia 20 de setembro de 1964 publicou a crítica do livro na capa, proclamando a novela “uma obra de arte”. “Herzog” tirava o primeiro lugar da lista de “O espião que saiu do frio”, de John Le Carré. Os jornais proclamavam o “festival Bellow” e o prefeito de Chicago tentava esconder que não havia lido a nova favorita do ano. Bellow foi definido como o sucessor de Hemingway e Faulkner.

Uma boa opção é o texto especial de Bellow

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Aplauso de estrangeiro



O escritor suíço Joël Dicker, novo best seller na praça com “A verdade sobre o caso Harry Quebert”, vem ao Brasil para a Flip. Em entrevista à Folha SP, confessou que foi marcado especialmente por um livro brasileiro. "Quando tinha uns 12 anos, li a tradução francesa de um livro absolutamente maravilhoso, "Meu pé de laranja lima" (José Mauro de Vasconcelos). Eu amo esse livro, é uma obra-prima. Acho que todo mundo deveria ler."

Onde a riqueza?


“A riqueza de uma nação não está na Bolsa, mas em seus livros”
 Arnaldur Indridason

quarta-feira, maio 28

A nunca esquecida livraria


Primeiro dia da livraria

Há dez exatos anos abria as portas a Canto do Livro. Cheia de esperanças, era um bebê começando a viagem pelo mundo livreiro. Seu jirau com livros recebidos, a escada de madeira, pintada de amarelo, que também serviu muito para se guardar livros recém-chegados. As mudanças de estantes, os abraços aos amigos, os muito bom dia dados. Ficaram lembranças mil.
De pequena, ficou grande. Mudou de endereço, cresceu. Aumentou seu círculo de amigos e amigas. Trouxe sempre felicidade e alegria no convívio diário com os leitores. Há um ano deixou saudades e guardado um carinho enorme.
Vida que segue.Quem sabe, num futuro, as portas novamente se abrirão para aquele convívio com livros e amigos? Parabéns pra você      

Salão FNLIJ festeja Roger Mello e Argentina


O Rio de Janeiro terá a partir de hoje um pedacinho da Argentina, país homenageado na 16ª edição do Salão FNLIJ do Livro que vai até o dia 8 de junho, no Centro de Convenções Sul América, no Rio de Janeiro. “Há três anos, trazemos países latino-americanos. O objetivo é que a literatura desses países seja conhecida no Brasil”, conta Beth Serra, secretária geral da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Nas edições anteriores, México e Colômbia foram homenageados. A comitiva argentina terá 18 pessoas - entre autores, especialistas, editores e representantes de entidades ligadas à literatura infantil e juvenil - que trarão ao Brasil mais de 300 títulos e uma mostra de 26 ilustradores. Beth observa que o Brasil e a Argentina são os dois únicos países latino-americanos que receberam o Prêmio Hans Christian Andersen. O prêmio, aliás, será festejado durante o Salão, com a conquista inédita de Roger Mello, o primeiro ilustrador brasileiro a trazer o Hans Christian Andersen para o Brasil. Os visitantes do Salão poderão dar uma espiada na exposição Roger e seu jardim, baseada no dossiê preparado pela FNLIJ para a candidatura ao “Nobel” da literatura infantil.  

Um triste ranking

Não só de listas de mais vendidos vive o mercado editorial. Há também a lista dos mais pirateados. É o que a ABDR (Associação Brasileira de Direitos Reprográficos), com o apoio do SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros), tem publicado todos os meses. O monitoramento é feito por uma equipe de cinco pessoas que, a partir da lista de mais vendidos enviada pelas livrarias, faz buscas nas redes por sites que disponibilizam esses conteúdos de forma ilegal. Uma vez detectados, esses sites são notificados extrajudicialmente para que retirem o livro do ar. “Em 2013, foram 120 mil notificações extrajudiciais, com índice de retirada de 99%, o que demonstra a eficácia dessa ferramenta”, contou ao PublishNews Danton Morato, consultor jurídico da ABDR.

Livro não é só livro


"E acontece que um livro não é só um livro. É também, entre outras coisas, os lugares onde o leste, o consolo que te deu em cada momento, a diversão e a companhia"
A. Pérez Reverte

Solidão nas metrópoles

Em 1982, o jornalista José Maria Mayrink, do jornal O Estado de S. Paulo, escreveu uma surpreendente série de reportagens sobre a solidão em São Paulo, a maior metrópole brasileira. Mendigos, trabalhadores noturnos, presidiários, padres, freiras reclusas, cidadãos comuns foram surpreendidos em sua intimidade. Escrita em estilo literário, como já não se vê na imprensa diária, os relatos comoveram os leitores e tiveram um impacto impressionante. Mais de 30 anos depois, a solidão nas grandes metrópoles não diminuiu. Os solitários continuam sozinhos, agora espalhando suas angústias nas redes sociais. O que era e é ser solitário numa cidade marcada por multidões e ruídos? Quem eram aquelas pessoas que falavam de uma sensação paralisante de abandono?
“Solidão” (Geração, R$ 29,90) é um relato sobre a angústia e a melancolia, sobre a dor e o desespero — mas também sobre a esperança e o sentido da existência. A obra fala de seres esquecidos e rejeitados. Estas pessoas foram ouvidas por quem se dispôs a viver com elas alguns momentos que não foram apenas ocasionais, tal a sua intensidade. Mayrink traça neste livro um painel terrível, real e, paradoxalmente, esperançoso sobre os impasses da grande metrópole.

terça-feira, maio 27

A vida são deveres

Antônio Abujamra declama "A vida são deveres", de Mário Quintana

Ler sempre

"Leia por nada e por tudo. Sem objetivo e com prazer, como quem respira, como quem se embriaga ou enreda suas pernas nas de alguém de quem se gosta. Só isto importa quando a paixão manda. E assim li eu não toda a minha vida, mas sim nos melhores momentos de minha vida. Agora retrocedo um pouco e acaricio com os olhos sobre a lotada biblioteca com que vivo, em que vivo. É como uma farmácia de um velho alquimista, onde pode-se buscar analgésicos e afrodisíacos, tônicos e mezinhas diabólicas, visões de glória ou pesadelo, e a seca agudeza descarnada que desvela o real. Já é hora de voltar a ela"

Ernesto Sábato (1911/2011)

segunda-feira, maio 26

Companheiros de cama





Nada como ter ao lado,
na cama, um personagem querido

Ofício de Paciência

Os livros. A sua cálida,
terna, serena pele. Amorosa
companhia. Dispostos sempre
a partilhar o sol
das suas águas. Tão dóceis,
tão calados, tão leais,
tão luminosos na sua
branca e vegetal e cerrada
melancolia. Amados
como nenhuns outros companheiros
da alma. Tão musicais
no fluvial e transbordante
ardor de cada dia.

Eugenio de Andrade

Livros dia e noite


Uma das mais antigas livrarias de Pequim tornou-se recentemente a primeira da cidade a estar aberta toda a noite, numa tentativa de acordar o público para o prazer da leitura e dos livros. A Sanlian Taofen, no centro de Pequim, na primeira noite de teste do novo horário, faturou mais de 14 mil yuan (quase R$ 5 mil), correspondendo a 150 vendas. Outra fonte de atração, o café do segundo piso da livraria, gerido por uma cadeia chamada “Esculpindo o Tempo”, também está aberto toda a noite.

O incrível padre


Na década de 60, o jornalista e escritor gaúcho Ernani Fornari publicou pela Editora do Exército, em forma de brochura, o livro “O Incrível Padre Landell de Moura”, mostrando que o verdadeiro inventor do rádio no mundo não havia sido Guglielmo Marconi, como era divulgado, e sim Landell de Moura, brasileiro, gaúcho, nascido em Porto Alegre. Quando professor Reynaldo Tavares tomou conhecimento desse livro, buscou mais elementos que pudessem subsidiar um trabalho visando resgatar a memória e os feitos do verdadeiro gênio brasileiro, apontado, segundo ele, pelo próprio clero, como louco, bruxo, praticante do espiritismo e com ligações com o demônio. Sua pesquisa deu origem à obra “Histórias que o Rádio não contou – do Galena ao digital, desvendando a Radiodifusão no Brasil e no mundo”, da editora Paulus, que será lançada ainda neste mês.

“O assunto é tão fascinante que, à medida que me aprofundava no tema, descobria mais coisas que não foram reveladas por razões que desconheço, mas posso garantir que o padre Roberto Landell de Moura estava cem anos luz à frente de seus compatriotas, pois, não só foi o inventor do rádio, como descobridor da ressonância magnética e do telefone sem fio, atualmente conhecido como celular”, conta Tavares.

sábado, maio 24

As imagens de Ponzi

Lugar certo para maus livros

Leitura de pianista

Fazendo rapel

Peças do ilustrador italiano Emiliano Ponzi

Parabéns, Platero


"Platero é pequeno, peludo e macio - tão macio que
parece não ter ossos e ser todo feito de algodão" (tradução de Athos Damasceno para Editora Globo). Assim começa uma história de amizade entre um
burro e um poeta que está completando 100 anos, tempo esse em que se tornou um dos livros mais traduzidos depois da Bíblia e de Dom Quixote. A obra “Platero e eu”, de Juan Ramón Jiménez (1881/1958) entre precisas descrições da paisagem,
aborda temas como os sentimentos, a melancolia, a música, as cores, as lembranças, os sonhos e a morte.
A Espanha prepara uma série de festividades, entre elas relançamentos, para comemorar o centenário de “Platero e eu”. Entre as novidades está uma nova edição, fora de mercado, que será distribuída a todos que visitarem Moguer, onde nasceu Ramón Jiménez e está a sede da fundação dedicada à memória do escritor.

Abaixo a apresentação da peça baseada na obra de Ramón Jimenez

Bem-vindos ao reino da incerteza



Uma certeza: nem apocalípticos, nem românticos do livro e da leitura. Bem-vindos ao reino da incerteza! Um território sem horizonte claro que desmente cada dia os gurus, porque “a única certeza é a inevitável convivência do analógico com o digital, e não se sabe qual deles dominará”. Essa é a constatação da realidade que faz Roger Chartier, um dos mais prestigiosos especialistas em historiografia e direto da Escola de Estudos Superiores de Ciências Sociais, de Paris. Colapso ou saída de um mundo e chegada de outro donde, afirma Chartier, em sua reordenação, a escolas e os meios de comunicação devem jogar um papel fundamental para preservar, conservar e reforçar valores centenários que contribuem para a melhor formação do indivíduo.

"Livrarias, bibliotecas e meios de comunicação são os pontos mais frágeis no ecosistema do livro e da divulgação da cultura. Por isso “este mundo dual requer medidas urgentes. O fomento e a promoção da leitura devem mudar, reforçar-se e adaptar-se a novos tempos”

Não se trata de uma era de um mundo recém feito, do tipo Macondo, onde as coisas são tão novas que não têm nome e devem ser assinaladas com o dedo, mas devem ser renomeadas, redefinidas, reescritas, reinterpretadas, requalificadas...
Uma realidade vacilante que obriga, assegura Chartier, a várias mudanças, começando pela própria historiografia. “Tudo deve ser mais exigente, devido aos riscos indomáveis da Rede, porque o leitor fiscaliza o trabalho. E ao mesmo tempo há que orientá-lo e ensiná-lo a valorizar e a mover-se no oceano da internet. E essa é uma carência hoje”.

sexta-feira, maio 23

Os livros e a bruxinha


A atriz Emma Watson, 24 anos, que interpretou a personagem Hermoni Granger na série Harry Potter, posa com livros para a revista espanhola Yo Dona em 2009 

Bem estar é com a leitura

Praticar a leitura é um alimento para nossa mente, mas não paramos para pensar que muitas vezes esse exercício é importante também para o nosso corpo. Seus benefícios já foram comprovados e vão muito além do entretenimento, conforme divulgado pelo portal Hype Science.
Desde os povos de antigas civilizações acreditava-se que a leitura poderia proporcionar alívio à variadas formas de enfermidades. Esse conceito tem até um nome, chama-se biblioterapia (terapia por meio de livros). No século passado, ela era recomendada para pessoas portadoras de doenças psiquiátricas como depressão, medos, fobias, pânico, ansiedade e também para pacientes geriátricos (idosos)

.
Mas por que ela faz tão bem?
A leitura, terapêutica ou não, distancia o leitor de suas próprias dores e assim possibilita uma percepção mais afundo de sua situação de vida. Além disso, ela é capaz de aguçar a criatividade e a expressão de sentimentos e ideias. Ler também pode estimular uma maior empatia com outras pessoas, além de diminuir o sentimento de solidão.
Leia na íntegra artigo de Mauricia Oliveira, "Leitura é excelente exercício para o bemestar"

Livraria virou brinde


Em poucos meses famílias jovens farão um programa na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, em São Paulo. Largar os filhos na área livre projetada para eles, comer uma bela iguaria da chef Helena Rizzo do restaurante Mani instalado na livraria, escolher um DVD e olhar com curiosidade objetos cheios de folhas impressas que seus pais chamavam de livro. Ou tomar café debaixo da jabuticabeira no bar da Livraria da Vila da Rua Fradique Coutinho, carregar um DVD para casa enquanto passam os olhos naqueles tijolos de papel que sobraram na estante. Carregadores de celular, adaptadores e brinquedos vão encher livrarias de aeroportos, junto com presentinhos de última hora. Livros serão brindes.
É isso o que as livrarias do país, as que ainda não fecharam as portas, estão planejando para os próximos meses ou já colocaram o plano em prática – como a FNAC do bairro de Pinheiros, em São Paulo. Antes, os livros eram o consumo principal; hoje, o primeiro andar é ocupado com eletrônicos, o segundo foi tomado pela administração, e as encolhidas estantes de livros ocupam uma parede no andar de baixo tomado de CDs, DVDs. Até a área de discos clássicos foi para o espaço.

quinta-feira, maio 22

Cesc (sem palavras)



O humorista gráfico Cesc, como seus contemporâneos Sempé e Steiberg, o registro de costumes, mirando, como Sempé, as crianças e gente de ofícios modestos como floristas, peões e mesmo mendigos. No entanto, mas crítico, denunciou os abusos de poder, a aparência dos ricos e a burocracia kafkaniana. 

Receita de Valéry


Arte de Anita Parkhurst para edição da revista Collier's de junho de 1929 
"O homem que tem um emprego, o homem que ganha a vida e que pode consagrar uma hora por dia à leitura, que o faça em casa ou no bonde, ou no metrô, essa hora é devorada pelos casos criminais, as bobagens incoerentes, os mexericos e os fatos menos diversos, cuja confusão e abundância parecem feitas para aturdir e simplificar grosseiramente os espíritos"
Paul Valéry (1871/1945)



Machado copidescado


A trapalhada é tamanha que fica difícil decidir por onde começar. Mas trata-se de oferecer gratuitamente a novela O alienista, de Machado de Assis, para trabalhadores pobres não habituados à leitura. Como enfatiza a autora do projeto, Patricia Engel Secco, a tiragem de 300 mil exemplares, com o selo do Ministério da Cultura e da Lei de Incentivo à Leitura, quer chegar a esses não leitores, privados dos benefícios da literatura.
Diríamos que a causa, de um ponto de vista genérico, é nobre, e o dia em que ela se cumprir será o da redenção do país desigual e mal letrado (mal letrado na média, fique bem claro, e em todos os níveis sociais). Mas a edição propõe-se a resolver, num desastrado salto mortal, a quadratura do círculo: pessoas que nunca leram nada lerão Machado – esse autor deveras fascinante, capcioso, sibilino, cujos textos não se reduzem à anedota, e que pressupõem certa convivência anterior com a leitura. A solução encontrada foi a de facilitar o texto original expurgando-o das supostas dificuldades: palavras difíceis são substituídas por outras corriqueiras; construções sintáticas enviesadas, tornadas mais diretas; alusões de duplo sentido e passagens que exigem uma leitura relacional menos linear, eliminadas.

quarta-feira, maio 21

Inimigos do livro


Nem só tempo e bicho acabam com os livros no Brasil. O calor faz estourar a cola usada na lombada; a umidade deixa marcas no papel. De bicho, nem se fala. Um furinho quase sumido na capa pode esconder páginas artisticamente rendadas pela fome de saúva dos cupins. Muito livro, se aberto, se desmancha em papel picado. Não precisa ser um volume sexagenário. O cupim ataca livros de qualquer idade com o mesmo estrago. Basta encontrar a estante posta que se farta. Se a invasão for grande, a biblioteca corre o risco de ir para a fogueira numa insana Inquisição.
Depois do bicho roedor, o grande inimigo mesmo está no bicho homem. Espanto por quê? Apesar de criar o livro, ser seu maior e fiel amante por muitos anos, quando não estiver de olho, o volume amado vai parar em mãos destruidoras. Que achaque teria aquele senhor tão zeloso de seus volumes da sua livraria se visse essa obra-prima? O cuidadoso leitor marcava as páginas mais interessantes com finíssimas tiras de papel e usava um leve traço lateral para destacar trechos do texto. Ainda se consegue ver o seu estilo de leitura. Só que o livro, sem ser uma obra rara para bibliófilo, recebeu as anotações da sábia cultura de quem do alto dos seus cinco ou seis anos de inteligência resolveu refazer o conhecimento. Em garatujas dignas de um mestre pré-histórico, redesenhou todo livro em cores as mais berrantes.
O último inimigo do livro ainda é esse netinho para quem se dá os livros velhos para brincar. “Isso é coisa velha, deixa que ele brincar. Quem sabe se torna um Rui Barbosa?” Além de remexer com o esqueleto do avô na tumba, faz o molecote pensar que tudo se pode fazer no livro. Não é à toa que muito marmanjo publica coisa de arrepiar talvez iniciado que foi em aproveitar livro velho para desenhar sua sabedoria. 
(Série "O velho livreiro")  

A felicidade


O encadernador

"O encadernador era um homem meio velho, e no princípio, eu achava que era por isso que ele ficava meses com cada livro que a gente levava pra ele encadernar.
Até que um dia eu descobrir que ele era um outro dos nossos: leitor também. Só que ele não comprava livro; só lia livro que ia se tratar com ele. E se ele gostava do livro, como eu tenho certeza que ele gostou do Rilke, aí mesmo é que ele ficava com o livro toda a vida. Pra ir relendo cada vez que dava vontade.

Ele torceu o nariz quando viu o livro assim todo despencado e rabiscado, Mas fez o trabalho; costurou as páginas todas; botou capa dura verde escuro; botou letrinha dourada na lombada, que eu achei que não precisava não. Mas ele era assim: lombada/ precisa letrinha dourada. Fez um trabalho muito bem feito mesmo. E lá um dia me telefonou dizendo que o livro tinha tido alta.
Eu fui lá buscar ele, e foi tão gostoso a gente voltar junto pra casa. E ficar ali de novo, só nós dois, eu repassando carta por carta dele. Foi um reencontro muito bonito."

(Trecho sobre encadernador de Lygia Bojunga Nunes em “Livro, um encontro com Lygia Bojunga Nunes”)

terça-feira, maio 20

Livro é vida


“Porque os livros não são coisas absolutamente mortas; contêm uma espécie de vida potencial, tão prolífica quanto a da alma que os engendrou. E mais: ele preservam, como num frasco, o mais puro e eficaz extrato do intelecto que os produziu. Estou convencido de que eles são tão vivos e tão rigorosamente fecundos quanto aqueles dentes de dragão da fábula. E que, uma vez semeados aqui e ali, podem dar nascimento a homens armados. E, por outro lado, vale refletir que matar um homem pode ser até melhor do que matar um bom livro. Quem mata um homem mata uma criatura racional, feita à imagem de Deus; mas aquele que destrói um bom livro mata a própria razão, mata a imagem de Deus como que no olho”

Trecho de "Areopagítica", de John Milton (1608/1674)

A cada náufrago sua salvação


Notas de Rodapé

Piauí nota dez

O resultado do Censo Escolar 2013, publicado recentemente, aponta o Piauí como um dos estados com maior número de bibliotecas em escolas. No levantamento, 60% das escolas da rede pública do Estado contam com acervos bibliográficos para os alunos, índice que supera a média nacional de 35%. Segundo o superintendente de Ensino da Secretaria Estadual da Educação (Seduc), Edjofre Coelho, os números são bastante positivos para o Piauí. NO entanto o governo está fazendo um levantamento de todas as escolas que ainda não possuem bibliotecas ou espaços com acervos bibliográficos para promover as obras de adaptação.

Uma Noite na Biblioteca

A cidade portuguesa de Seixal, com pouco mais de 184 mil habitantes, promove mais uma edição de Uma Noite na Biblioteca, que acontece nos dias 31 de maio e 1 de junho, entre as 21 e as 12 horas, na Biblioteca Municipal. A iniciativa visa proporcionar uma noite diferente a crianças entre os oito e os 11 anos, que, acompanhadas por técnicos participam em ateliês de leitura e escrita criativa, descobrem os sons fantásticos do espaço no período noturno e dormem ao som de histórias infantis, regressando a casa só no dia seguinte.


Leitura favorece presos

Prisioneiros na Itália serão recompensados pela leitura, de acordo com uma nova lei, baseada em medida brasileira. Segundo a revista The Independent, o conselho regional da Calábria, região no sul da Itália, aprovou a lei que reduz a pena de um preso em três dias para cada livro lido. A medida tem um teto de 48 dias descontados em um ano, ou seja, valem no máximo 18 livros lidos em 12 meses.
"Ler é um extraordinário antídoto à tristeza, promove conscientização e redenção social e pessoal", disse o representante do Ministério da Cultura local, Mario Caligiuri. Para ele, a nova lei vai, além de incentivar a leitura, diminuir a quantidade de pessoas nas prisões, uma vez que a Itália é o segundo país com maior número de presidiários na Europa, ficando atrás apenas da Sérvia.

segunda-feira, maio 19

As mais belas bibliotecas do mundo

Vídeo produzido por Jorge Moisés Kroll do Prado para trabalho sobre 
Bibliofilia no curso de Biblioteconomia da Universidade do Estado de Santa Catarina 

Nova página na Britânica

Cadernos de Charlotte Brontë 

A Biblioteca Britânica lançou uma nova página na web com a versão original de mais de mil manuscritos, ilustrações e cartas de 22 autores dos períodos romântico e vitoriano da literatura daquele país, entre eles Charles Dickens (1812/1870), Oscar Wilde (1854-1900), William Blake (1757-1827) e Charlotte Brontë (1816-1855). Os arquivos de “Discovering literature” pretendem motivar os mais jovens com curiosidades da literatura britânica com materiais originais.
O portal oferece, por exemplo, a versão original dos manuscritos de “Jane Eyre”, de Charlotte Brontë; o prólogo de “Oliver Twist”, de Dickens; e a primeira versão de “A importância de chamar-se Ernesto”, de Wilde, além dos caderninhos onde Blake fazia esboços e também os pequenos cadernos de contos de Brontë.
 Leia mais sobre o assunto aqui, em espanhol


Nas estantes os livros ficam
(até se dispersarem ou desfazerem)
enquanto tudo
passa. O pó acumula-se
e depois de limpo
torna a acumular-se
no cimo das lombadas.
Quando a cidade está suja
(obras, carros, poeiras)
o pó é mais negro e por vezes
espesso. Os livros ficam,
valem mais que tudo,
mas apesar do amor
(amor das coisas mudas
que sussurram)
e do cuidado doméstico
fica sempre, em baixo,
do lado oposto à lombada,
uma pequena marca negra
do pó nas páginas.
A marca faz parte dos livros.
Estão marcados. Nós também.

Pedro Mexia

sábado, maio 17

Minhas livrarias em Londres (II)

 
Em Londres, rapaz lê entre as ruínas de uma livraria o livro “The Histroy of London”,
 em outubro de 1940, período dos bombardeios à capital britânica pelos nazistas 

Dando sequência à crônica da semana passada, na toada do “turismo literário”, vou continuar falando do bairro de Bloomsbury e de suas livrarias. Como já disse aqui, Bloomsbury é um bairro tradicionalmente ligado à intelectualidade. Basta lembrar que ali estão os prédios principais da Universidade de Londres. E quem conhece bem a capital do Reino Unido sabe que essa região concentra um bom número de livrarias/sebos, sendo um dos polos a serem visitados por aqueles interessados nesse, até certo ponto bizarro (reconheço), “turismo de livrarias”.

Por falar na Universidade de Londres, é bem pertinho da “Senate House”, sede da administração central da Universidade, prédio de gosto duvidoso mas que merece uma passada, que fica a gigantesca livraria Waterstones (na verdade, uma das lojas dessa rede de livrarias). Fica no número 82 da Gower Street (de metrô, sugiro descer exatamente na estação Gower Street), também muito pertinho da sede principal do University College London - UCL (uma das universidades da Universidade de Londres), prédio belíssimo que merece ser visitado tanto pela sua arquitetura como para prestar homenagem ao grande filósofo e jurista Jeremy Bentham (1748-1832) que, embalsamado e modelado em cera, ali dá as boas-vindas aos curiosos. Servindo a professores e estudantes da Universidade de Londres, a Waterstones de Bloomsbury vende de quase tudo: livros novos e de segunda mão (bastante em conta), revistas, periódicos, DVDs e por aí vai. Provavelmente a maior livraria de Londres, ali você gastará, com certeza satisfeito, algumas ou muitas libras
.

Alice no paraíso


O escritor brasileiro que virou o 'Pelé dos números'

"Em 1925, o Rio de Janeiro vivia um clima de otimismo. A obra para a instalação da estátua do Cristo Redentor no Corcovado seguia a todo vapor. O samba, recém-nascido, era a nova bossa, verdadeira mania nacional.

Autor de O Homem que Calculava usava pseudônimo de Malba Tahan, 
mas na verdade era o professor de Matemática Julio César de Mello e Souza

Em artigo de primeira página, o principal jornal do país, A Noite, apresenta ao público um novo astro da literatura: Malba Tahan - ou, citando seu nome completo, Ali Iezid Izz-Edim Ibn Salim Hank Malba Tahan - escrevia em árabe e sua obra estava sendo traduzida especialmente para o público brasileiro, dizia o jornal.
Os contos do autor, no estilo das Mil e Uma Noites, traziam histórias com conteúdo moral e tocavam de leve em temas ligados à matemática.

sexta-feira, maio 16

Fora das telas

Paul Newman e a mulher Joanne Woodward
vasculham uma mesa de livros no lado de fora
 de um sebo em Nova Iorque (1959)

Apenas 35% das escolas possuem bibliotecas


Segundo números disponibilizados pelo QEdu, portal aberto e gratuito que passa a oferecer dados mais recentes do Censo Escolar 2013 sobre infraestrutura e matrículas de todas as escolas públicas e privadas do Brasil, somente 35% das escolas brasileiras possuem bibliotecas. Para aumentar a quantidade de bibliotecas nas escolas, há um projeto de lei em tramitação que prevê a obrigatoriedade de um acervo com pelo menos um livro por aluno em cada instituição de ensino do país e há uma lei de 2012,sancionada pelo ex-presidente Lula, que obriga cada escola pública ou particular a instalar uma biblioteca até 2022.
Alguns dados chamaram à atenção de estudiosos e educadores do setor, como o dado referente à rede particular de São Paulo, mostrando que ela é a que tem o menor número de escolas equipadas com bibliotecas do país: 39% (em 2011, eram 38%). Na esfera estadual, São Paulo também tem o menor porcentual de escolas com bibliotecas em todo o país: apenas 13% (em 2011, eram 11%). Enquanto isso, as escolas particulares de Acre e Amapá são as mais bem equipadas, com 93% e 89% de instituições com biblioteca, respectivamente.
Apenas 58% das escolas do país têm acesso à internet, revelando que mais de 80 mil escolas brasileiras não possuem conexão à rede.

Arte com livro velho

A artista britânica Su Blackwell transporta os contos de fadas para os livros de uma forma diferente. Os livros antigos são recriados em esculturas que podem custar até R$ 30 mil. O trabalho foi registrado em vídeo aqui

Barão na árvore


Branca de Neve na floresta

A ilha do tesouro

Nárnia

Veja outros trabalhos de Su Blackwell