terça-feira, setembro 16

O outro Schindler

Julio Schindler no lançamento do seu livro
O mesmo sobrenome, duas épocas e a mesma coragem de resgatar e proteger os perseguidos. Oskar Schindler, foi representada no filme “A lista de Schindler” (1993), de Steven Spielberg, a do segundo está contada no livro “A lista do Schindler chileno”, lançado agora no Chile contra a história de Jorge Schindler Etchegaray, um descendente de alemães e ex-membro do Partido Comunista que foi executivo da Corfo (Corporación de Fomento de la Producción de Chile) durante o governo de Salvador Allende. Escrito pelo jornalista Manuel Salazar, que teve de convencer Julio Schindler a desencavar sua trajetória, o livro conta com um extenso depoimento seu, além de 60 entrevistas de ex-protagonistas. Um deles é Quintín Romero, um dos policiais que permaneceu ao lado de Allende até o instante de sua morte, no mesmo dia do golpe, que se refugiou em uma das farmácias de Santiago.

Depois de perder seu trabalho com o golpe militar de 11 de setembro de 1973 no país, ele criou uma rede de farmácias de bairro para socorrer membros do PC, destruído com a repressão, empregando-os como funcionários das farmácias com a ajuda de seu amigo e farmacêutico, Ramiro Ríos, ao longo da década de 70. Foram cerca de cem dirigentes da esquerda chilena que tiveram suas vidas salvas por esse projeto de fachada, que jamais foi descoberto pelos dois principais órgãos de controle social de Pinochet, a Dirección de Inteligencia Nacional (DINA) e o Comando Conjunto.

Para manter essa empreitada, o empresário chegou a alugar casas, dar apoio financeiro, distribuir medicamentos e inclusive esconder armas de fogo de militantes em operação de fuga. Com medo de ser pego pela polícia, escapou para a Alemanha Oriental em 1979 e terminou se mudando para Frankfurt, onde mantinha contato com o Partido Comunista
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