sábado, maio 24

Bem-vindos ao reino da incerteza



Uma certeza: nem apocalípticos, nem românticos do livro e da leitura. Bem-vindos ao reino da incerteza! Um território sem horizonte claro que desmente cada dia os gurus, porque “a única certeza é a inevitável convivência do analógico com o digital, e não se sabe qual deles dominará”. Essa é a constatação da realidade que faz Roger Chartier, um dos mais prestigiosos especialistas em historiografia e direto da Escola de Estudos Superiores de Ciências Sociais, de Paris. Colapso ou saída de um mundo e chegada de outro donde, afirma Chartier, em sua reordenação, a escolas e os meios de comunicação devem jogar um papel fundamental para preservar, conservar e reforçar valores centenários que contribuem para a melhor formação do indivíduo.

"Livrarias, bibliotecas e meios de comunicação são os pontos mais frágeis no ecosistema do livro e da divulgação da cultura. Por isso “este mundo dual requer medidas urgentes. O fomento e a promoção da leitura devem mudar, reforçar-se e adaptar-se a novos tempos”

Não se trata de uma era de um mundo recém feito, do tipo Macondo, onde as coisas são tão novas que não têm nome e devem ser assinaladas com o dedo, mas devem ser renomeadas, redefinidas, reescritas, reinterpretadas, requalificadas...
Uma realidade vacilante que obriga, assegura Chartier, a várias mudanças, começando pela própria historiografia. “Tudo deve ser mais exigente, devido aos riscos indomáveis da Rede, porque o leitor fiscaliza o trabalho. E ao mesmo tempo há que orientá-lo e ensiná-lo a valorizar e a mover-se no oceano da internet. E essa é uma carência hoje”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário