terça-feira, dezembro 30

O panteão texano de escritores

Gabo revisando provas de "Cem anos de solidão" em sua casa no México
O Centro Ransom Harry, que vai abrigar toda a colecção privada de García Márquez, tornou-se um santuário único de literatura no mundo
Todas as memórias de Gabriel García Márquez ocupam 2,6 metros cúbicos. São cerca de 40 caixas de papelão e plástico amarradas em duas paletes de madeira. Era a sua coleção pessoal, as coisas que ele guardava em sua casa na Cidade do México. Assim chegaram no dia 16 de dezembro ao Harry Ransom Center, em Austin, campus da Universidade do Texas. Dezoito pessoas ajudaram a abrir as caixas e levarão um ano para catalogação do material.

García Márquez morreu em 17 de abril em sua casa no México aos 87 anos. Estava proibido de entrar nos Estados Unidos há décadas por sua atividade pró-comunista, mas, em seguida, ele se reuniu, por exemplo, com o presidente Bill Clinton, em 1994. Em 24 de novembro o Harry Ransom Center anunciou a aquisição do arquivo pessoal do Nobel.

A venda começou a ser negociada em dezembro de 2013, por iniciativa da família, e acabou por se materializar em julho. Um dia depois de receber o material, Stephen Enniss, diretor da instituição frequentada El Pais em seu escritório. "Eu adquiri para torná-lo acessível", explica ele.

A instituição, fundada em 1957 como centro de pesquisa, tem 50 anos. "Foi criado para fazer uma coleção de verdadeira distinção". Ele comprou um dos cinco Bíblias completas de Gutenberg que existem nos Estados Unidos, três cópias do primeiro fólio de Shakespeare, e o arquivo James Joyce. Hoje tem mais de 40 milhões de peças, incluindo 38.000 caixas de manuscritos.

A Universidade do Texas é conhecida no meio acadêmico norte-americano como tendo mais especialistas em país da América Latina. A compra deste arquivo transmite o compromisso da universidade para a América Latina. “Nosso desafio é garantir que o estudo irá envolver instituições latino-americanas", diz Hale.

Esta é a missão da Universidade do Texas. Isto não é para impressionar mitomaníacos. Mas para colocar à disposição do público as entranhas do processo criativo dos autores mais aclamados. "Este é o tipo de material que você quer", diz Barnard."Um pesquisador abre este e pode passar horas estudando o processo criativo deste autor. Imagine como isso é útil para os alunos". O Centro Ransom Harry recebe 10 mil pesquisadores por ano na sala de leitura.

Transcrito e traduzido 

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