quarta-feira, julho 4

A eternidade é um tipo de livraria

Tenho paixão pelas livrarias, onde quer que estejam. Gosto do ambiente, das obras expostas, da possibilidade de me surpreender, da cultura ali dispersa, do tanto que me resta ler, do tanto que jamais lerei. Gosto do cheiro dos volumes, da visão das capas, uma mais intrigante que a outra, da confusão de temas, da variedade dos gostos.

Montevidéu (Uruguai)
Tem mais: a gente não descobre os livros, eles é que nos escolhem, nos chamam, nos seduzem. A começar pelo título. Depois, abrimos a orelha, avançamos pela apresentação, olhamos as primeiras páginas, pronto: amor às primeiras vistas. Compro o livro já salivando de antemão pelo prazer que ele me reserva. Livro pavloviano.

Chego a minha casa, não resisto à curiosidade, caio na leitura, me esqueço do mundo, apegado a uma outra realidade, àquela que o escritor me proporciona com sua imaginação, cultura e talento. Caminhamos juntos, livro e eu, autor e eu, um e outro reelaborando o texto, adicionando a própria experiência, a própria estética, trocando ideias, remontando a trama.

Ler é, antes de tudo, fazer junto com o autor uma obra nova, em que as experiências comuns convergem na fantasia e na criatividade. Ler é subir a um mundo diferente, de onde se vê mais longe, mais longe do que a imaginação do escritor consegue viajar.

Daí minha paixão pelas livrarias, onde quer que estejam. Ali dentro brilham milhares de possibilidades para iluminar meu dia. Sou egoísta: torço para que nunca acabem. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário