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| P.J. Crook |
As portas pesadas da biblioteca estavam abertas e lá dentro havia lâmpadas verdes de leitura e mesas pesadas e polidas, e livros que enchiam as galerias até o teto. Alguns deles eram obras-primas, outros, úteis e informativos a maioria, apenas servia para congestionar a mente. Minha velha senhora swedenborgiana afirma que os anjos não leem livros. Por que deveriam ler? Imagino que as bibliotecárias também não sejam muito dadas à leitura. Elas se cercam de livros demais, a maior parte verdadeiras inutilidades. Das estantes repletas desprende-se um odor convidativo, consolador, sedutor, com uma leve mistura de algo pernicioso, com veneno e maldição. Seres humanos podem perder suas vidas nas bibliotecas. Deviam ser avisados disso.
Saul Bellow, "Trocando os pés pelas mãos"
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