quinta-feira, julho 2

Marca registrada de Paris, buquinistas estão ameaçados



Gravura de Jean Henry Marlet
Ao lado dos monumentos grandiosos e do clima romântico, os "buquinistas" estão entre os grandes ícones de Paris. Trata-se dos vendedores de livros raros e antigos que diariamente montam suas barracas às margens do rio Sena.

Em um negócio que data do século 15, os buquinistas são vistos como a melhor fonte para encontrar publicações que deixaram de ser editadas ou que só surgiram com pouquíssimos exemplares.

Na virada do século 17, a cidade tinha cerca de 20 desses livreiros. Hoje eles são quase 240.

Seus tradicionais caixotes verdes de madeira decoram os dois lados do Sena, indo do Museu d'Orsay até o Instituto do Mundo Árabe. A maior concentração deles está na entrada do Quartier Latin, que abriga a famosa Universidade da Sorbonne.

Mas hoje os buquinistas enfrentam uma concorrência desafiadora: a proliferação dos e-books e do acesso à internet, que reduziu as vendas e facilitou a descoberta de livros raros.

Para compensar a queda no faturamento, muitos livreiros de rua tiveram que passar a oferecer lembrancinhas turísticas, o que tecnicamente é permitido pelas leis municipais.

Mas a ideia é mal vista por alguns dos comerciantes do ramo, que acreditam que isso muda uma tradição que já foi uma das marcas registradas da cultura parisiense.

No fim dos anos 80, Jean-Pierre Mathias largou seu emprego como professor de filosofia para se tornar buquinista. "Quando montei minha barraca, vendia meus próprios livros... Eu adorava a ideia de continuar a discutir filosofia aqui, sem precisar dar aulas", afirma.

Mathias vende apenas livros e antigas gravuras, e se recusa a oferecer suvenires aos turistas, a cada ano mais numerosos.


"Para mim, um livro sempre será um livro, e as pessoas que gostam de livros vão continuar a comprá-los. O teatro não desapareceu por causa do cinema", conclui, sorrindo.
 

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