quinta-feira, novembro 17

Ao mestre, com carinho

Caro Monsieur Germain:

Deixei extinguir-se um pouco o ruído que me rodeou todos estes dias antes de vir falar-lhe com todo o coração. Acabam de me conceder uma honra excessiva, que não procurei nem solicitei. Mas quando me inteirei da notícia, o meu primeiro pensamento, depois de minha mãe, foi para o senhor. Sem si, sem a mão afectuosa que estendeu ao garoto pobre que eu era, sem os seus ensinamentos e exemplo, nada de tudo isto teria acontecido. Não imagino um mundo com essa espécie de honra. No entanto, constitui uma oportunidade para lhe dizer o que foi, e ainda é para mim, assegurar-lhe que os seus esforços, o seu trabalho e o coração generoso que sempre empregava ainda se encontram vivos num dos seus pequenos alunos que, apesar da idade, não deixou de ser o seu grato estudante. Abraço-o com todas as minhas forças.

Albert Camus
(Carta enviada depois de o escritor receber o Nobel ao professor que acolhe aquele menino pobre e se tornou para ele um exemplo)

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