— O que é que esse menino tanto faz na Rádio Emissora? — inquietava-se a mãe. Em vez de estudar, toda noite...
Acabou indo mesmo à Rádio, em companhia de Letícia, para assistir aos programas. Depois, saía com ela de mãos dadas — beijo, não, ela não deixava, ele não insistia. Letícia era diferente, Eduardo amava Letícia.
— Eu te amo para o resto da vida.
— Eu também.
— Então escreve isso aqui, na minha caderneta.
Letícia escrevia: "eu te amo...
— Eternamente.
— ... eternamente para o resto da minha vida".
— Agora assina.
Letícia assinou.
— Olha minha mãe na janela.
Eduardo tinha medo, queria fugir. Mas a mãe de Letícia acenava para eles.
— Não tenha medo.
A mãe de Letícia era diferente, falava umas coisas engraçadas, deixava que a filha namorasse. Eduardo fazia planos para o futuro.
— Quando eu crescer, vou ser artista.
— Artista de quê?
— Não sei: artista.
Fernando Sabino. "O encontro marcado"

Nenhum comentário:
Postar um comentário