domingo, novembro 2

Escrever à mão, parar entre palavras

Leio um artigo muito interessante que uma amiga me envia e está assinado por uma senhora de nome hispânico: María del Valle Varo García, docente universitária. Diz-nos que o cérebro tem regras próprias, e que as redes neuronais são mais ativas quando escrevemos à mão do que quando teclamos, como já sabíamos por experiência, mas não cientificamente; e acrescenta que, para que as palavras adquiram o seu pleno sentido e se tornem ideias ou conceitos duradouros, têm de passar primeiro pela memória de curto prazo; mas que, para a informação estabilizar, tem de passar por outro tipo de memória: semântica, afetiva, espacial ou temporal. Ou seja, a recordação de umas férias envolve uma memória episódica; por outro lado, saber que a capital da Itália é Roma remete para uma memória semântica, desprovida de contexto pessoal. Vale então a pena recordar que a escrita à mão activa uma rede mais ampla de regiões cerebrais (motoras, sensoriais, afetivas e cognitivas) do que a digitação. Esta última, mais eficiente em termos de velocidade, requer menos recursos neurais e promove uma participação passiva. O artigo ainda refere que nem todas as palavras levam o mesmo tempo a processar e que as pausas são muitíssimo importantes. Ora, estas muito mais frequentes na escrita à mão do que na digitação. «Devorar palavras não é o mesmo que absorver a sua essência», diz esta sábia senhora, e eu aplaudo. Agora, que já desistiram do telemóvel nas escolas, que tal reservar os computadores apenas para os alunos mais velhos?

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