terça-feira, dezembro 2

Rui e a biblioteca

 
Rui na biblioteca de sua casa em Botafogo (RJ)
Rui Barbosa (1849-1923) se deixou uma biblioteca preciosa, “e admiravelmente conservada”, em sua mansão na rua São Clemente, no Rio de Janeiro, foi graças ao cuidado que tinha com seus livros. Em carta enviada de Londres, em 1904, quando estava exilado, revelava sua preocupação com a “cara biblioteca” ao amigo Antônio d’ Araújo Ferreira Jacobina: “Recomendo-lhe com encarecimento particular os meus livros, entre os quais lhe peço mandar pôr naftalina em grande quantidade”.

O jurista tinha imensos cuidados com os volumes. A cada compra de um livro velho, deixava o volume de oito a 15 dias sobre uma mesa. Segundo Homero Pires na conferência “Rui Barbosa e os livros”, de 1938, “verificando, porém, que, ao correr daquele tempo, nada acusava o volume, era então escovado e limpo com um pano, e posto na estante”. No caso de Rui encontrar provas de contágio de traça, então o livro passava por uma “lavagem” geral que incluída ficar até duas semanas em uma caixa fechada com naftalina e depois ainda passar por uma temporada de quarentena e observação.

Homero Pires revela que “a biblioteca inteira estava sempre a ser ininterruptamente revista livro por livro, e houvesse ou não sinas de carcoma, passava-se em cada um, sobre o dorso e a folha de guarda presa à capa, um pincel embebido numa solução de uma “fórmula excessiva e dispendiosa”, que incluía creosoto mineral, timol cristalizado, essência de cravo inglesa, essência de alfazema inglesa, sublimado corrosivo e álcool absoluto. Rui também cuidava para que se pusesse naftalina nas estantes, “depositadas em caixas de fósforos”.

Transcrito de Leitores&Livros

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