sexta-feira, outubro 21

Balanço anual

Há algum tempo, o relógio do computador surtou e, cada vez que ligo a máquina, aparece o aviso para que eu acerte a data e o horário. Toda vez. Como não sou de me aventurar pelos labirintos da informática (coisa de gerações antigas), já assumi como hábito a chateação de, antes de qualquer coisa, verificar o rodapé da tela e atualizá-lo. É um suplício, quando estou na urgência de uma ideia pronta para ser escrita e preciso esperar o final da operação. Somente raras e boas vezes, o marcador do tempo me concede o benefício de estar em dia, então, posso ingressar sossegada nesse mundo paralelo.

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Na véspera de mais um aniversário, o pensamento brincou que agora chegara minha vez de “configurar o dispositivo de data e hora”. Seria mais ou menos isso, acredito, o momento do balanço anual, de olhar para trás e avaliar tudo o que vivi, realizei, e também olhar adiante, o que desejo para o futuro próximo, o que esperar do futuro remoto, sem esquecer o presente, com as mudanças que, como o tempo, se sucedem sem alarde e continuamente, renovando o eu.

Fascinante é constatar que a vida é professora exemplar, incansável, sempre pronta a nos ensinar algo novo, a todo instante, em qualquer idade. E quero, sinceramente, ser boa aluna. Não pretendo diplomas ou medalhas, apenas conseguir traduzir sua lições da forma mais exata, perceber as entrelinhas, intuir suas mensagens cifradas, já que nem tudo é explícito em suas aulas.

Por fim, quando o relógio zerar, saber que fiz o melhor que pude e partir deixando o mínimo de ressentimento ou decepção entre os que ficarem. E torcer para que eles compreendam que, para mim, viver é tão difícil quanto consertar o cronômetro do computador.

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