segunda-feira, fevereiro 25

Não se deixe enganar: a magia mora nos clássicos

Onde se localiza o prazer pela leitura? E como incentivar este hábito? Vale a leitura de textos simples, como best-sellers ou o negócio é mergulhar nos clássicos? Nestes, a leitura é mais densa e o texto, supostamente, mais difícil.

Qual a melhor opção?

 Lucija Mrzljak
Nem sempre ler um texto simples e claro traz o mistério e o encantamento da literatura para junto da alma da gente. Escrever sem trevas vira relatório, documento, contação de casos. E a boa literatura não se resume na simplicidade. O grande escritor é um bordadeiro, um tecelão, um ourives. O bom escritor sabe que o leitor está fora do contexto da romance e vai lê-lo com indiferença. O leitor é isento, morno, letárgico. Ele tem que ser transformado em cúmplice, em um amante quente e inseparável.

Já nos best-sellers, a história segue como um roteiro pré-estabelecido. Existem centenas de cursos pelo mundo afora que ensinam, como se fosse uma receita de bolo, escrever novelas e romances fáceis. E degustativos, palatáveis, fáceis de serem consumidos. E existem os leitores para esta literatura, ao milhões. Os números de venda não mentem. São entretenimento e como tais devem ser tratados.

E os romances clássicos são pinturas com luz áurea; são música sinfônica inquebrantável; são bordados. São pura matemática. São obras-primas que sabem enredar o leitor, fazê-lo parte da trama, deixá-lo sem força para os afazeres do cotidiano. Eles transformam o leitor em ator da trama, fazendo a magia e o encantamento da verdadeira literatura aflorar. Dostoiévski, Tolstói, Machado de Assis, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa e tantos outros são desta lavra.

Não se deixe enganar: a magia mora nos clássicos
Afonso Borges

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