quinta-feira, janeiro 5

O homem que amava ilhas

O Senhor não era um tirano. Ah, não! Era um Senhor delicado, sensível, bem parecido, que queria que tudo fosse perfeito e toda a gente feliz, Claro, devia ser ele a fonte dessa felicidade e perfeição.

Mas, a seu modo, era um poeta. Tratava os convidados com magnanimidade e os criados liberalmente. Contudo, era astuto e muito sensato. Nunca se apresentava ao pessoal como patrão. Tinha tudo debaixo de olho, como um jovem Hermes de olhos azuis e astutos. E os conhecimentos que possuía eram, realmente, admiráveis. Era admirável o que sabia de vacas de Jersey, de fabrico de queijo, de como cavar fossos e levantar vedações, de flores e jardinagem, de navios e navegação. Era uma fonte de sabedoria sobre tudo; e comunicava ao pessoal estes conhecimentos de uma forma estranha, semi-irônica e semi-solene, como se, realmente, pertencesse ao mundo superior e semi-real dos deuses.
D. H. Lawrence, "Amor no Feno e Outros Contos"

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