segunda-feira, março 9

Assim começa o livro...

Um dia Michel Archimbaud, que planejava editar um livro dos retratos e autorretratos de Francis Bacon, me convida para escrever um ensaio inspirado nesses quadros. Ele me assegura que esse era o desejo do próprio pintor. Relembra meu pequeno texto publicado anteriormente na revista L’Arc, que Bacon considerava um dos raros em que ele se reconhecia. Não negarei minha emoção diante dessa mensagem vinda, muitos anos depois, de um artista que jamais havia encontrado e que tanto admirava.

Esse texto de L’Arc (que, mais tarde, inspirou uma parte de meu Livro do riso e do esquecimento), consagrado ao tríptico dos retratos de Henrietta Moraes, eu escrevi nos primeiros anos de minha emigração, em torno de 1977, ainda obcecado pelas lembranças do país que acabara de deixar e que continuava na minha memória como uma terra de interrogatórios e de vigilância. Hoje, só consigo começar minha nova reflexão sobre a arte de Bacon com este mesmo velho texto.

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