quarta-feira, junho 25

Tesouros

Houve uma mulher diante da qual eu chorei. Não era minha mãe, e não estava me castigando por alguma travessura. Eu não era mais um menino. Essa mulher negava-me um tesouro – e parte desse tesouro eram seus olhos frios, claros, que fitavam com escárnio minha desgraça.

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Nada, nem ninguém, me desapossará das esperanças frustradas, das noites brancas, do meu tesouro. Enchi minha arca de lágrimas e elas, como nos contos de fadas, se transformaram em pérolas.

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Que tolos somos. Juntamos dia a dia pedrinhas às quais atribuímos o valor de pepitas. No fim, em nossa memória senil pouco restará delas, e será melhor assim. Se delas conseguirmos nos lembrar, elas nos atormentarão como se fossem um tesouro que perderemos no último suspiro.

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Fonte da minha ternura, minha riqueza, meu ouro, te guardo em mim com usura, meu júbilo, meu tesouro.

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Ah, pudesse eu ter guardado um fiapo daquela manhã, um pequeno raio de sol, um sopro de brisa no ouvido, assim como aquele sachezinho de açúcar que usaste no teu café, e que, enquanto olhavas para o lado – possivelmente retribuindo o sorriso daquele rapaz -, eu surrupiei e escondi em meu bolso, como um tesouro.

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Perder o amor é perder o nosso dom mais valioso, o tesouro mais precioso, a vontade de viver.

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Quem teria se atrevido a pedir por empréstimo a Wislawa Szymborska alguma coisa bem simples, uma ninharia qualquer, se nas coisas bem simples e nas ninharias estava seu tesouro?

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