Tavik Frantisek Simon |
Naturalmente, cada arte tem suas peculiaridades e seus instrumentos próprios. Na literatura, a “arma” do escritor é a linguagem. O escritor que apenas se preocupa em contar uma boa história, sem aprofundar as possibilidades de linguagem, está perdendo a essência de sua narrativa. Em lado oposto, o escritor que apenas se preocupa em burilar a linguagem, com firulas semânticas e jogos de palavras, sem se importar em contar uma boa história, mais parece estar preocupado em alimentar seu ego e ser finalista de prêmios. Na história da literatura brasileira, em algum momento, criou-se a noção de que diversão e qualidade são elementos obrigatoriamente dissociados: o que diverte não tem qualidade, o que tem qualidade não diverte. Nessa lógica deturpada, onde se situam autores como Machado de Assis, Pedro Nava e Jorge Amado? Teríamos que assumir que “Memórias póstumas de Brás Cubas”, por exemplo, é um livro de qualidade literária que não diverte ou que é um livro divertido, mas sem qualquer profundidade artística. Ambas as ideias são absurdas. Machado unia os dois lados e, assim, fazia boa literatura. Para citar outro mestre, Nelson Rodrigues: “Só eu sei o trabalho que me dá empobrecer os meus diálogos”.
Raphael Montes
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