quinta-feira, novembro 12

O uso determina a utilidade

Temos uma tendência para pensar em oposição. “O que é que preferes? Ver televisão ou ver um filme? Cinema ou teatro? Cassetes ou DVDs?”, e por aí em diante. Esquecemo-nos que estas são tecnologias de suporte, e que cada uma tem as suas qualidades. Enquanto utilizadores, temos de escolher o que queremos usar e decidir se é a melhor opção. 
Se eu quiser obter informação imediata — se quiser encontrar um nome, uma data ou ver os horários dos comboios — provavelmente uso a Internet. Mas, se me quiser sentar com a Madame Bouvary, tirar notas e alcançar o ritmo que quero, prefiro um livro físico. Muitas pessoas preferem o contrário. Existem muitos leitores inteligentes que leem livros digitais. No meu caso, simplesmente não me sinto confortável com eles, da mesma forma que algumas pessoas preferem andar de avião em vez de comboio, ou preferem uma determinada comida.
Mas não devemos pensar na tecnologia de forma ativa. Cada tecnologia é uma ferramenta, com as suas próprias características. Da mesma forma que uma faca pode matar, também pode cortar pão. As ações de matar e cortar pão não dependem da faca. Dependem de como a usamos
Alberto Manguel 

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