sexta-feira, novembro 24

'Perfil do escritor brasileiro não muda desde 1965'

Uma pesquisa realizada na Universidade de Brasília (UnB) traz um relato desanimador sobre a literatura nacional: as grandes editoras seguem publicando obras de escritores brasileiros com o mesmo perfil há mais de 50 anos. O trabalho compreende livros nacionais lançados entre 1965 e 2014. Mais de 70% deles foram escritos por homens, 90% são brancos e pelo menos a metade veio do Rio de Janeiro e de São Paulo.

A análise também entrou no enredo da literatura nacional, chegando à conclusão de que os personagens retratados se aproximam da realidade dos escritores. Cerca de 60% são protagonizados por homens, sendo 80% deles brancos e 95% heterossexuais.


“Os dados mostram que há uma homogeneidade entre os escritores e os romances publicados no Brasil. Isso praticamente não mudou ao longo das décadas. É muito preocupante”, afirma a professora do Departamento de Teoria Literária Regina Dalcastagnè, coordenadora da pesquisa.

O trabalho, realizado pelo Grupo de Estudos em Literatura Contemporânea da UnB ao longo de 14 anos, contou com a participação de mais de 30 universitários. A pesquisa fez um recorte por editoras em três períodos diferentes.

O primeiro deles foi entre 1965 e 1979, que contava com publicações da José Olympio e da Civilização Brasileira. O segundo recorte foi de 1990 a 2004, com a presença da Companhia das Letras, da Rocco e da Record. Já o último compreende 2005 a 2014 e quase as mesmas editoras, trocando apenas a Rocco pela Objetiva.

“Com a pesquisa, percebemos que as editoras não estão dispostas a diversificar o cenário literário. Assim, caso o leitor esteja atrás de literatura produzidas por mulheres, negros e de diferentes regiões terá que buscar independentes, com menor alcance às livrarias brasileiras”, conclui Regina 

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