sexta-feira, outubro 12

Inútil biblioteca municipal

O livro é esse amigo que está sempre pronto para dizer que na sua companhia a vida fica melhor pensada, sentida, esquecemos até a morte. O lugar de guardar esse amigo precioso é na biblioteca, que pode ser particular, comunitária ou pública. É lá que se preserva nossa memória. O livro é a abertura do mundo, a biblioteca, o mundo onde estamos e somos.

Penso que a biblioteca pública hoje presta um papel fundamental à comunidade na formação do conhecimento. É espaço para atuar na produção de novos valores, possibilitando o crescimento das pessoas. Daí não se pode aceitar mais a biblioteca pública como apenas um espaço de leitura e pesquisa. Mais que isso, deve empreender atividades que sirvam à comunidade como aprendizado e conhecimento da vida. Você concorda comigo? Deve funcionar como o cérebro, o coração e o pulmão de uma sociedade ou instituição, constituindo-se no mais valioso patrimônio, no maior e mais caro laboratório implantado para a formação de cidadãos e qualificação do futuro de um país.

Não é o que acontece com a biblioteca pública de minha terra natal, onde resido. Com mais de duzentos mil habitantes, além de celeiro de escritores e artistas, minha cidade possui uma rede numerosa de estabelecimento de ensino, que alcança escolas em nível primário e secundário, curso científico e técnico, faculdades e universidades. Tem na Biblioteca Municipal Plínio de Almeida(foto) o espaço indicado para funcionar como guardião de livros e documentos, centro de pesquisas e leituras.

Esse espaço, longe do ideal, vem sendo reduzido pela Câmara de Vereadores, que de vez em quando por lá aparece e lhe toma um bom pedaço. Alega-se, a cada investida, sem qualquer constrangimento ou argumento plausível, que é preciso ampliar o espaço físico da Câmara de Vereadores em face das demandas. Não bastasse, durante décadas, a casa do legislativo municipal ocupar o prédio que pertence ao patrimônio da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania. E, pasmem os céus, não paga nada pela ocupação indevida.

Há muito tempo qualquer biblioteca pública que se preze tornou-se um centro de conhecimento, proporcionando seu espaço à comunidade meios de acompanhar a evolução do mundo. Se um país se faz com homens e livros, como disse Monteiro Lobato, o que se espera de uma biblioteca pública condigna é que seja dirigida por um técnico com nível universitário, como determina a lei, equipe modernizada e acervo atualizado. Cabe ao gestor municipal do setor cuidar desses elementos para que esse espaço seja intenso e melhor frequentado. Com oficinas criativas, comemorações de datas especiais, leitura compartilhada de obras infantis e juvenis, lançamento de livro, teatrinho e contação das mais belas histórias. Uma biblioteca pública dotada de meios eficientes e modernos poderá desenvolver uma agenda cultural atuante e contemporânea, não é mesmo?

Na situação precária em que se encontra, acervo pequeno, desatualizado, corpo de funcionário distante da realidade, precisando de reciclagem, espaço físico reduzido, baixa freqüência, a situação da biblioteca pública de minha cidade dá pena a quem tem um pouco de amor pela casa onde mora o amigo livro.
Cyro de Mattos

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