quarta-feira, maio 3

O que ando a ler

Andamos em arrumações na nossa biblioteca. Não só porque já não encontrávamos nada (e às vezes tínhamos de voltar a comprar um livro que sabíamos ter), mas também porque tivemos de deixar-nos de manias e alienar algumas coisas para que outras pudessem entrar. Ora, nos montes que se iam formando no chão com escritores de determinadas nacionalidades, apareceu um pequeno romance que eu nunca tinha lido, intitulado "A Última Escala do Tramp Steamer", de Álvaro Mutis. Peguei-lhe e estou a terminá-lo. Mutis é, como alguns saberão, o escritor colombiano que fica nos antípodas de García Márquez. Os seus textos estão cheios de referências literárias e a sua prosa é claramente europeizada, como acontece, de resto, neste livro. Europeizada também é a jovem libanesa dona do cargueiro que atravessa toda a história e que marca, nos portos onde vai atracando, os encontros dela com o capitão, um basco que sabe que a sua relação só durará enquanto o velho Tram Steamer tiver casco para navegar e que é, na verdade, quem contou a sua história ao narrador que, ao longo da sua vida, se terá cruzado várias vezes com o cargueiro Alción. Com uma linguagem levemente enfatuada para o meu gosto, é apesar de tudo uma bela história e o livro que catapultou Mutis para o sucesso e reconhecimento dos pares, embora o texto merecesse uma tradução mais cuidada (Amberes, por exemplo, é a palavra espanhola para Antuérpia e deveria ter sido traduzida).

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