quinta-feira, setembro 6

Decálogo de leitura que devemos abolir da nossa lista de pecados

Mercado de Hong Kong, Rogan Coles 
Muitas são as regras com que nos familiarizamos em relação aos livros: não riscar, não dobrar as páginas e por aí fora. Mas talvez devamos repensar ou mesmo quebrar algumas delas, vistas como sagradas entre a maioria dos leitores. Afinal, temos mesmo é de desfrutar à vontade da experiência.

Algumas regras no que toca a livros devem, realmente, serem e manterem-se sagradas. Devolver livros emprestados é um exemplo. Não há crime maior do que não devolver o livro que nos emprestaram.
Mas fora esses casos específicos, cada leitor com a sua mania. Assim sendo, várias regras pré-existentes podem e devem ser um pouco descuradas, ou até abolidas, por cada leitor, conforme isso lhe dê mais ou menos prazer com os seus livros e as suas leituras.

O Espalha-Factos reuniu algumas ideias e mostra-te as 10 regras de leitura que podes abolir da tua lista de pecados.

1 – Não julgar o livro pela capa

Nesta regra, tal como noutras que vão aparecer mais para a frente, temos de ter em conta a honestidade e não o “parecer bonito”. Sejamos sinceros, existe mesmo alguém que não julgue um livro pela capa? Quem diz um livro, diz outra coisa qualquer. A verdade é que, não conhecendo o conteúdo, a capa conta bastante. Uma capa apelativa funciona muito melhor que uma não apelativa. Um livro de capa dura, por exemplo, ganha logo outra luz ao olhar para ele numa livraria.

2 – Não julgar o livro pelo seu gênero

Esta é outra regra onde temos de colocar a sinceridade em primeiro lugar. Todos nós escolhemos os livros que vamos ler de acordo com os nossos géneros preferidos. Tudo bem, devemos experimentar coisas novas, mas é mesmo por aí que esta regra não faz muito sentido. Como em tudo na vida, dentro do que nós conhecemos, vamos sempre optar mais por aquilo que mais gostamos. Se tiver três livros, um de ficção histórica, outro de banda desenhada e outro policial, vou dar sempre prioridade ao livro de ficção histórica, seguido do policial e, só se não tiver mais nada para ler, é que leio o livro de banda desenhada.

3 – Não marcar a página ao dobrar o canto

Este deve ser um dos “tópicos” mais debatidos entre a comunidade dos amantes de livros. Alguns leitores, ao invés de usarem um marcador de páginas, dobram a ponta da página onde se encontram de maneira a saberem onde pararam de ler, algo visto como maléfico pelos que usam o marcador.

A verdade é que cada leitor é que sabe como tratar o seu livro. E, para ser bem sincero, qualquer coisa serve como marcador.

4 – Ler o livro do princípio ao fim

Há quem defenda que um livro deve ser lido do início ao fim, sem exceção. Muitos discordam e eu também, não há nada pior que te obrigares a ler algo que não gostas, que não consegues ler com prazer. Não é esse o objetivo da leitura. Claro que tem de ser dada uma oportunidade e mesmo que o livro não “entre” logo à primeira, devemos fazer o esforço de ler. Mas para tudo há limites. Não somos obrigados a fazer algo que roça a autoflagelação não é verdade?

5 – Não escrever nos livros

Escrever nos livros é comummente visto como monstruoso. Mas não devia ser assim. Escrever nos livros pode até ser visto como um ato de carinho. Na verdade, quem se dá ao trabalho de escrever num livro que não gosta?

Pessoalmente, é muito raro escrever num livro. Opto antes por sublinhar com marcador amarelo e apenas em determinados livros considerados mais “didáticos” e “sérios”. E sim, sublinhar também é perfeitamente aceitável.

6 – Não ler mais do que um livro de cada vez

Por leres mais do que um livro ao mesmo tempo, isso não quer dizer que não gostes de um deles ou que seja difícil de ler. Podes, por exemplo, ter um livro mais pesado, literalmente, para ter em casa e outro que te acompanhe quando sais, e vais lendo os dois. Por norma, é o que faço.

7 – Não deves ler novamente o mesmo livro

Porque não? Que sensação boa termos lido um livro tão mas tão bom que queremos voltar a lê-lo? É sinal que o livro nos marcou profundamente. Decerto que, após ler alguns livros, logo desejamos que em vez disso tivéssemos lido um livro que já lemos e que adoramos.

8 – Não sujar o livro

Ninguém deve querer sujar um livro de propósito, é um facto. Mas todo o verdadeiro leitor sabe o drama que é ter de parar de ler para comer ou beber algo, assim tal como todo o verdadeiro leitor tenta conciliar ambos. Basta estares a comer chocolate e a ler que já é o suficiente para fazeres uma nódoa na página que estás a ler. Por que razão não encarar isso como algo positivo? Do género “o livro é tão bom tão bom, que nem consigo parar de o ler para comer”. Vamos lá a tornar isto um pouco mais aceitável e menos criticável, pode ser?

9 – Não ver o filme antes de ler o livro

É sempre bom ler o livro antes de ver o filme. Ter direito a imaginar as personagens e cenários e depois comparar com a adaptação cinematográfica que nem sempre segue ao pormenor toda a trama literária. Mas o contrário também pode ser proveitoso. Ver as diferenças que encontramos e os pormenores mais detalhados que o livro nos proporciona em detrimento do filme.

10 – Não ler à frente da página em que estamos

Quantas vezes, ainda que involuntariamente, não lemos já um pouco à frente do parágrafo onde estamos? É incrível como determinadas passagens que se encontram mais à frente do sítio onde estamos a ler nos saltam à vista e depois somos obrigados a voltar atrás, ao sítio onde estávamos a ler inicialmente. Isso é completamente aceitável e normal. Se isso te acontece, não te sintas preocupado e ansioso. Segue com a tua leitura!

Posto todas estas regras, o que importa é ler. Cada leitor com a sua mania. E todas as manias são boas, desde que não ponham em causa terceiros (não vamos entornar uma chávena de café em cima do livro que nos emprestaram ok???). Cada um deve ler e tratar os seus livros da maneira que quiser e que mais lhe der prazer. Desde que leia!

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