terça-feira, dezembro 13

Nos tempos de Scott e Zelda

Foi a época da magia. Em festas alucinantes e em orgias delirantes a vida se oferecia. O mundo todo explodia em cores extravagantes e tudo, nunca como antes, intensamente ardia. Nada era tédio ou torpor, nada monótono, nada, naquela época dourada. Tudo era fogo e fulgor. Viver não era esta melda no tempo de Scott e Zelda.

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Deus agora está comigo, dia e noite, noite e dia. Eu não, mas Ele já esteve em bem melhor companhia.

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No velório, um primo despeitado aproximou-se do defunto e, com a fluidez conquistada na juventude com um curso numa universidade londrina, comentou: the right man in the right place.

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Sara Netherway
Se a caravana passou e nós estamos aqui, a nossa parte façamos: uivemos e latamos, que o que nos resta é uivar e latir.

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Há quem goste deles. Eu acho que é melhor andar só do que acompanhado por um provérbio.

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Quando o poeta declarou que recebia seus sonetos praticamente prontos, vindos diretamente das mãos de Deus, alguém perguntou se ele, então, só tinha o trabalho de piorá-los.

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Não se sabe se foi um entusiasta do gongorismo ou um detrator quem sugeriu que Deus, se fosse escritor, seria o mais legítimo e retumbante dos gongóricos.

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De repente, no meio da frase apareceu um vulto. Era o sujeito oculto.

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Como tudo fica mais fácil quando morrer é só o que exigem de nós. Mais nenhum prazo, nenhuma grandeza, nenhum desempenho, nenhum resultado. Apenas fechar os olhos e mantê-los fechados.

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