Em alguns países, o manejo de florestas nativas para a produção de celulose e papel é absolutamente sustentável. No Brasil, é melhor ainda, pois 100% desses insumos têm como origem as florestas plantadas, principalmente de eucalipto e pinus. Ou seja, cultivadas em áreas degradadas por outras atividades e, depois, colhidas para uso industrial. Em seguida, nova floresta é plantada, perpetuando o ciclo do plantio e colheita. O manejo também é sustentável, mantido pelas certificações que garantem a redução dos impactos ambientais e promove o desenvolvimento socioeconômico. Ademais, na fase de crescimento, as árvores sequestram grande quantidade de carbono, retirando da atmosfera gases que causam o efeito estufa.
Essa atividade de cultivo, fundamental para a cadeia produtiva da comunicação impressa, tem total congruência com a comemoração do Dia Internacional das Florestas (21 de março), que integra o calendário oficial da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). A data, que marca o início da primavera no Hemisfério Norte, objetiva salientar globalmente a importância das florestas para a manutenção da vida na Terra e a necessidade imediata de preservá-las.
A mensagem também apresenta total correlação com a campanha mundial Two Sides, que chegou ao Brasil em 2014, para difundir a sustentabilidade econômica, social e ambiental da cadeia produtiva do papel e da indústria gráfica. A iniciativa surgiu na Inglaterra e hoje está presente em 13 países europeus, nos Estados Unidos, Canadá, África do Sul, Austrália e Brasil. Aqui, o movimento conta com 42 entidades signatárias, que congregam cerca de 80 mil empresas, geradoras de 615 mil empregos diretos e faturamento anual de US$ 40 bilhões.
A cadeia produtiva do papel e da comunicação impressa é uma das mais sustentáveis econômica, social e ambientalmente. No Brasil, emprega milhões de trabalhadores, sendo mais de 200 mil somente nas cerca de 20 mil gráficas. O cultivo de florestas, dentre outros valores agregados, preserva florestas nativas, protege a biodiversidade, o solo e as nascentes, restaura áreas degradadas, é fonte de energia renovável e contribui para a mitigação das mudanças climáticas.
Se dependesse unicamente da produção gráfica e do fabrico de celulose e papel, não se cortaria uma árvore nativa sequer no Brasil, onde, assim como na América Latina como um todo, ainda é necessário conter o desmatamento, provocado, dentre outras causas, pelo contrabando de madeira, grilagem de terras, lavouras clandestinas e desrespeito às reservas indígenas. Entre 2010 e 2015, a despeito de muitos avanços, as perdas florestais na região ainda foram de 2,18 milhões de hectares.
É isso que o Brasil precisa combater, ao invés de perder tempo acusando livros, jornais, revistas, cadernos e embalagens de vilania ambiental. Os impressos são sustentáveis e, enquanto mídias da informação e do conhecimento, sua disseminação é fundamental para formar novas gerações mais conscientes sobre a necessidade premente de preservar o meio ambiente e todo o patrimônio vegetal de nosso país.
Fabio Arruda Mortara
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