A edição de fevereiro do folhetim + Leitura, publicado pela livraria Canto do Livro, para distribuição no município de Maricá, já está sendo distribuída no Centro da cidade. O folhetim, impresso pela Ponto da Cultura Editora, em formato A3, dobrado, é distribuído na própria livraria, em escolas, na biblioteca municipal e em pontos comerciais. A livraria, através dessa mídia, divulga inúmeras informações sobre o livro, o mercado editorial e as promoções em favor da leitura de forma a melhor informar até mesmo usuários de internet.
sexta-feira, janeiro 30
Falsos Borges
Maria Kodama, viúva de Jorge Luís Borges, denuncia o tráfico ilegal de manuscritos do escritor argentino e anuncia que há uma investigação internacional sobre uma possível falsificação de suas obras. Segundo Kodama, manuscritos podem ter sido roubados e há argentinos sendo processados por falsificar textos de Borges, vendidos como trabalhos inéditos. A notícia foi divulgada pela agência EFE e publicada ao menos nos jornais espanhóis La Vanguardia e El Mundo.
quinta-feira, janeiro 29
Gratidão aos livros
"Ali estão eles esperando silenciosos. Comprimem-se, chamam e nada exigem. Estão calados, encostados na parede. Parecem dormir, no entanto os seus nomes parecem olhares que nos fixam. O olhar e as mãos passam por eles, mas não chamam suplicando, não se adiantam. Nada exigem. Esperando até serem abertos: só então eles se oferecem. Primeiro, silêncio em volta de nós, silêncio dentro de nós; estamos, então, preparados para eles: uma noite ao voltarmos cansados de um passeio, uma tarde quando fatigados dos homens, uma manhã, despertando atordoados por um pesadelo. Podemos ter um diálogo e querer contudo estar sós. Aproximamo-nos da estante com o agradável pressentimento de uma doce sensação: cem olhos, cem nomes olham-nos paciente e mudamente à procura do olhar indagador, como escravas de um harém, para o senhor, aguardando humildes o chamado, e felizes ainda, se escolhidos, de serem úteis. Depois, o dedo como que tateia sobre o teclado para encontrar o som da melodia que vibra intimamente: curva-se na mão o ser alvo e surdo, como violino guardado, no qual dormem as vozes de Deus. Abrimos um deles, lemos uma linha, um verso: no momento, porém, não soa claro. Desiludidos, quase brutais, repomos o livro na estante. Nova busca até que encontramos o preciso, o propício para o momento; de repente somos abraçados, sentimos uma respiração estranha como se ao lado, prostrado pelo calor, estivesse o corpo de uma mulher. E, como o levamos para debaixo de uma lâmpada, o livro, o feliz escolhido, brilha por igual com luz interior. A magia produziu-se, da nuvem delicada dos sonhos ascende a fantasmagoria. As estradas se alargam e a distância acolhe os seus sentimentos apagados.
Em qualquer parte bate um relógio. Este, porém, não surge nesse tempo que foge. As horas aqui passam de outro modo. Ali há livros que andaram muitos séculos antes que suas palavras chegassem aos nossos lábios; outros, jovens, ali estão, nascidos ontem, gerados na confusão e necessidade de moços imberbes; fala, porém, uma língua mágica, e uns e outros agitam e aceleram a nossa respiração. Se irritam, também consolam; se enganam, acalmam ao mesmo tempo os sentidos abertos. E, à medida que mergulhamos neles, encontramos, em sua melodia, calma e contemplação, abandonado enlevo, um mundo do outro lado do mundo.
Como vos agradecer, a vós, livros, os mais fiéis e silenciosos dos companheiros, os momentos puros passados longe do tumulto dos dias? Como agradecer a vossa constante solicitude, eterna elevação e a infinita calma da vossa presença? Que vos acontece nos dias sombrios de solidão, nos hospitais e campos de batalha, nas prisões e nos leitos de dor! Sentinelas constantes em toda parte, oferecestes sonhos aos homens e mãos cheias de calma na inquietação e no martírio! Podeis, sempre doces ímãs divinos, atrair as almas diariamente aterradas; tendes em vós mesmos um céu íntimo que estendeis sobre nós, novamente, nos momentos sombrios.
Pequenos pedaços do incomensurável, ficais ocultos em nossas casas, enfileirados na singela parede. Todavia a mão vos liberta se o coração vos toca, e então, saltais invisivelmente do lugar de todos os dias, e voas palavras nos elevam, como num carro de fogo, da estreiteza para a eternidade".
(Stefan Zweig (1881/1942), em “Encontros com homens, livros e países”, Delta , 1956)
Em qualquer parte bate um relógio. Este, porém, não surge nesse tempo que foge. As horas aqui passam de outro modo. Ali há livros que andaram muitos séculos antes que suas palavras chegassem aos nossos lábios; outros, jovens, ali estão, nascidos ontem, gerados na confusão e necessidade de moços imberbes; fala, porém, uma língua mágica, e uns e outros agitam e aceleram a nossa respiração. Se irritam, também consolam; se enganam, acalmam ao mesmo tempo os sentidos abertos. E, à medida que mergulhamos neles, encontramos, em sua melodia, calma e contemplação, abandonado enlevo, um mundo do outro lado do mundo.
Como vos agradecer, a vós, livros, os mais fiéis e silenciosos dos companheiros, os momentos puros passados longe do tumulto dos dias? Como agradecer a vossa constante solicitude, eterna elevação e a infinita calma da vossa presença? Que vos acontece nos dias sombrios de solidão, nos hospitais e campos de batalha, nas prisões e nos leitos de dor! Sentinelas constantes em toda parte, oferecestes sonhos aos homens e mãos cheias de calma na inquietação e no martírio! Podeis, sempre doces ímãs divinos, atrair as almas diariamente aterradas; tendes em vós mesmos um céu íntimo que estendeis sobre nós, novamente, nos momentos sombrios.
Pequenos pedaços do incomensurável, ficais ocultos em nossas casas, enfileirados na singela parede. Todavia a mão vos liberta se o coração vos toca, e então, saltais invisivelmente do lugar de todos os dias, e voas palavras nos elevam, como num carro de fogo, da estreiteza para a eternidade".
(Stefan Zweig (1881/1942), em “Encontros com homens, livros e países”, Delta , 1956)
quarta-feira, janeiro 28
A força da leitura
Se as toneladas de um elefante se ajoelham para melhor ouvir a leitura do livro sagrado por um pequeno menino indiano, que transformação não se dá nos homens quando leem?
(Foto de Gregory Colbert na exposição Ashes and Snows, realizada no Zócalo Nomadic Museum, da cidade do México, em abril de 2008. Está prevista a vinda, ainda este ano, da mesma exposição para o Brasil)
(Foto de Gregory Colbert na exposição Ashes and Snows, realizada no Zócalo Nomadic Museum, da cidade do México, em abril de 2008. Está prevista a vinda, ainda este ano, da mesma exposição para o Brasil)
terça-feira, janeiro 27
Guardai o segredo do leitor
O sebo é onde o livro encontra o seu verdadeiro apreciador. Ainda virgem, com as páginas precisando ser abertas com espátula, ou todo estropiado, espera a vez de se mostrar. Quando já usado, o leitor quase que transformou o livro em um objeto artesanal. No sebo, o livro está bem próximo de um manuscrito que registra a passagem do leitor no rastro do autor. Há os anotados, assinalados a lápis ou caneta – se depender do tempo, com antigas canetas de pena; com recortes de jornais sobre o autor e papéis de todo tipo, marcando a página preferida. Uns mais antigos, recheados com uma flor, carregam amor entre papéis esquecidos. Nem faltam cartas e documentos, que as páginas se tornaram guardiães de segredo de cofre e coração (E aquela carta de amor endereçada a um escritor que a leitora deixou de enviar, mas guardou secretamente no livro autografado?). Tudo acaba esquecido entre páginas como marcador ou apenas foi esquecido depois de escondido. Silencioso, em suas páginas, o livro pode guardar qualquer segredo.O livro tem um destaque especial quando foi manuseado por um ou mais leitores. É possível seguir o rastro de como foi tratado desde seu primeiro comprador. Agredido por crianças ou insetos, está lá o livro marcado pelos rabiscos e algum furo de cupim, que talvez tenham deixado até manchas. Outros carregam marcas do dono como ex-libris. Nos antigos, sequer faltam os selos dos encadernadores. Tempos em que os volumes eram encadernados e ficavam, com lombadas douradas, em estantes de madeira de lei, com portas envidraçadas. Os segredos dos leitores são revelados apenas para o livreiro. Fiel depositário de tanta vida, o livreiro fecha o livro e deixa que vá para a prateleira. O livro levará para bem longe o que guardou tanto tempo. Na distância, tudo vai se perder e o segredo estará garantido.
(Anotações líricas de velho alfarrabista)
(Anotações líricas de velho alfarrabista)
segunda-feira, janeiro 26
Mais um espaço para nossa loucura
Desculpem-nos, se somos alucinados por livros. É tanta nossa loucura, que somos, hoje, livreiros. Não contentes com os de casa, temos os da loja, em número bem maior, que nos dão a felicidade de serem procurados, vistos, manuseados e até comprados (que pena!) por muita gente.
Como loucura pouca é bobagem, ainda distribuímos pela cidade um folhetim (“+ Leitura”), que logicamente fala de livros, bibliotecas, promoção de leitura, curiosidades e muito mais coisas que envolvem o livro e fazem dele um universo à parte do próprio Universo.
E agora estamos nos espalhando mais, porque o desvario dessa paixão nos levou para este blog. Mais um meio de demonstrar nossa saudável paranóia, Esse amor ao livro e à página em branco, que nos dá compreensão e gentileza, educa-nos para melhor ainda amar todo o Mundo.
Como loucura pouca é bobagem, ainda distribuímos pela cidade um folhetim (“+ Leitura”), que logicamente fala de livros, bibliotecas, promoção de leitura, curiosidades e muito mais coisas que envolvem o livro e fazem dele um universo à parte do próprio Universo.
E agora estamos nos espalhando mais, porque o desvario dessa paixão nos levou para este blog. Mais um meio de demonstrar nossa saudável paranóia, Esse amor ao livro e à página em branco, que nos dá compreensão e gentileza, educa-nos para melhor ainda amar todo o Mundo.
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