quinta-feira, janeiro 12
A livraria Camões vai fechar
Menos uma livraria em nossa geografia carioca de livros. Os anos enterram uma atrásda outra. Ficam elas em nosso mapa de saudades, que percorremos ainda muitas vezes.Vamos de uma a outra, vivendo momentos de conversas, ainda comprando os livros quecontinuam conosco, lembrando imagens, e com muito carinho saudando personagens hámuito bem longe.Agora chega a vez da Camões, do Estrela. Aqui livraria e José Maria Estrela, o gerente, são uma unidade naquele Portugal pequenino de poucos metros quadrados no edifício Avenida Central, no Rio. Quilômetros dessa terra lusa percorremos durante todos estes anos em suas prateleiras¸ descobrindo autores sempre desconhecidos aqui. De escritores, passaram a ser amigos do dia a dia na biblioteca nossa, tratados intimamente como velhos conhecidos. Alguns ainda hoje continuam a existir apenas na Camões, ou cá entre nós. Procure o rato de sebo por determinados autores portugueses fora desse Portugal pequenino e não encontrará nem quem saiba o quem seja. E ficará ignorante de uma literatura que ainda tem muito a nos dizer como no passado. Quantos autores foram garimpados por lá, quando em nenhum outro lugar havia sequer um volume deles? Em horas e horas, entre conversas aqui e ali, descobrimos muita gente, encontramos muitos livros e infelizmente não tivemos o prazer de encontrar outros, bem menos. Mas a colheita foi farta e ainda hoje nos alimenta, nos direciona. E em meio a tanta literatura descobrimos o Estrela, da conversa, da divulgação nas Feiras do Livro, dos presentes de ilustrações e poemas, ainda hoje enquadrados, na parede, eternos como a Camões que passa agora a ser da nossa eternidade. Já começamos a ter saudades.
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