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Menos uma livraria em nossa geografia carioca de livros. Os anos enterram uma atrásda outra. Ficam elas em nosso mapa de saudades, que percorremos ainda muitas vezes.Vamos de uma a outra, vivendo momentos de conversas, ainda comprando os livros quecontinuam conosco, lembrando imagens, e com muito carinho saudando personagens hámuito bem longe.Agora chega a vez da Camões, do Estrela. Aqui livraria e José Maria Estrela, o gerente, são uma unidade naquele Portugal pequenino de poucos metros quadrados no edifício Avenida Central, no Rio. Quilômetros dessa terra lusa percorremos durante todos estes anos em suas prateleiras¸ descobrindo autores sempre desconhecidos aqui. De escritores, passaram a ser amigos do dia a dia na biblioteca nossa, tratados intimamente como velhos conhecidos. Alguns ainda hoje continuam a existir apenas na Camões, ou cá entre nós. Procure o rato de sebo por determinados autores portugueses fora desse Portugal pequenino e não encontrará nem quem saiba o quem seja. E ficará ignorante de uma literatura que ainda tem muito a nos dizer como no passado. Quantos autores foram garimpados por lá, quando em nenhum outro lugar havia sequer um volume deles? Em horas e horas, entre conversas aqui e ali, descobrimos muita gente, encontramos muitos livros e infelizmente não tivemos o prazer de encontrar outros, bem menos. Mas a colheita foi farta e ainda hoje nos alimenta, nos direciona. E em meio a tanta literatura descobrimos o Estrela, da conversa, da divulgação nas Feiras do Livro, dos presentes de ilustrações e poemas, ainda hoje enquadrados, na parede, eternos como a Camões que passa agora a ser da nossa eternidade. Já começamos a ter saudades.