Até aí, imagino, muitos deverão estar de acordo, porém essa curtíssima história do e-book permite também um outro olhar sobre o significado desse modelo de leitura de conteúdo digital.
E por isso, sobretudo por isso, é que o modelo atual não sairá jamais do seu patamar de vendas. Não há como. Desde a fabricação de seu mais indicado suporte físico para leitura e arquivamento, no caso do Kindle e assemelhados, até a forma de recolhimento e gerenciamento das vendas, terminam por alijar boa parcela da uma indústria milenar, que embora tenha sido afetada pelas mudanças tecnológias, ainda não foi comprovada sua superação ou obsolescência.
É de se acreditar em novos formatos, como o tal “streaming” ou clube digital de leitura, a exemplo da Elefante Letrado e Nuvem de Livros, que por si são mais seguros e nitidamente mais eficazes em trazer o livro digitalizado para o leitor. Nesses, não há a possibilidade de se comprar algo e se perder porque seu aparelho quebrou ou um “bug” arrebentou com os arquivos de livros adquiridos.
Que me perdoem os mais afoitos, mas o modelo de e-book é um fracasso, e não passa de uma versão requentada para dizer que o livro poderia sair mais barato porque dispensava o custo de papel e o frete, além de impostos. O que é uma besteira das grandes. O passar dos anos mostrou claramente: as editoras, os autores e até os editores, ao verem os preços dos livros em formato e-book não ficarem muito distantes do papel, aperceberam-se do engodo que era o tal e-book.
Um outro raciocínio que pesa nesse precipício, é que os livros deixaram de ser atrativos para o mercado financeiro global. O estranho mercado editorial e livreiro sempre dado a consignações, devoluções, vendas independentes, bibliotecas e até revendas de usados e seminovos (nossos queridos e estimados sebos), mostraram aos investidores que um livro jamais seria como os celulares, televisores, máquinas de café e até o tal leitor digital (sic).
E aí está, muito possivelmente, o principal problema do modelo de e-book existente e que ainda provocará muita conversa em torno de sua inutilidade e desserviço à cultura. Sua invenção, em verdade, não foi necessariamente para democratizar a leitura, foi antes para atiçar os barões da especulação acionária, a exemplo do pré-histórico CD, que gerou fortunas e pouco tempo depois afundou a indústria da música que até hoje não se recuperou totalmente.
A boa nova é que os amantes do livro não caíram no engodo do descartável, e o leitor, o principal alvo disso tudo, não se deixou levar pelo afã midiático e tecnológico. Prova maior é a estagnação das vendas de e-books e o fato de que os principais defensores do fim do livro hoje assumem: o tal e-book é nada mais do que uma opção à leitura diante do livro em papel, e jamais o substituirá.
Paulo Tedesco
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