Andrea Rivola |
Essas conquistas começaram a incomodar um companheiro de minha geração em Salvador e a fazer sombra a dois escritores nacionais nascidos em minha região, no sul da Bahia. Quando conquistei, em nível nacional, o Prêmio Afonso Arinos da Academia Brasileira de Letras, por unanimidade, com o livro Os brabos, novelas, ventos inconformados sopraram com mais zanga. A comissão julgadora do Prêmio Afonso Arinos era constituída de Alceu Amoroso Lima (relator), Bernardo Élis, Herberto Sales, Afonso Arinos de Melo Franco, José Cândido de Carvalho e Adonias Filho. Concorri no certame com pseudônimo.
Tive a sorte depois de conquistar o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes, o Internacional de Literatura Maestrale Marengo d”Oro, em Gênova, Itália, duas vezes com o segundo lugar. Fui um dos vencedores do Prêmio Instituto Piaget de Almada, Portugal. Tive destaque como finalista três vezes no Prêmio Jabuti. Obtive dez vezes o primeiro lugar em Concurso da União Brasileira de Escritores (Rio). Menções especiais e honrosas, no Brasil e exterior, são muitas.
O páreo é duro nesses concursos, participam deles autores de alto nível Não configuram uma farsa, na qual o candidato paga uma taxa para se inscrever, e são centenas. No final, vinte ou trinta classificados são premiados com a publicação de seus textos em uma antologia. Não existem intelectuais de alto nível literário na Comissão Julgadora desse tipo de certame, sem qualquer valor. Existe o engodo, que se alastra como uma praga neste Brasil literário.
O relator Alceu Amoroso Lima, na ata de julgamento, disse sobre Os Brabos: “Extraordinária capacidade de dar aos aspectos mais típicos da realidade nacional, em estilo profundamente impregnado da nossa fala brasileira, a revelação de um escritor visceralmente nosso…admirável ficcionista.” Autores do porte de Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, Eduardo Portella, ex-ministro da Cultura, romancista Assis Brasil, Helena Parente Cunha, poeta, Doutora em Letras, da UFRJ, o contista mineiro Elias José, os poetas Carlos Nejar, Ledo Ivo, Francisco Carvalho, Álvaro Alves de Faria, Alfredo Pérez Alencar, da Universidade de Salamanca, Espanha, os críticos Almeida Fischer, Temístocles Linhares, Nelly Novaes Coelho, professora emérita da USP, o poeta e filólogo mexicano Juan Ángel Torres Rechy, da Universidade de Salamanca, os doutores em letras Maria Irene Ramalho, Manuel Portela e Graça Capinha, da Universidade de Coimbra, Portugal,a professora Graziela Corsinova, da Universidade de Gênova, Itália, têm escrito sobre minha obra com análise favorável. Tenho livros e textos traduzidos por tradutores do nível de Curt Meyer-Clason (Alemanha), Fred Ellison (Estados Unidos) e Alfredo Pérez Alencart, entre outros.
O que expus, em síntese, não faz a diferença, afirma-se. Não preciso lembras que meus livros estão aí para que sejam lidos por qualquer tipo de leitor. Lembro, também, que sei do meu tamanho, não estou acima de João Ubaldo Ribeiro, Autran Dourado, Guimarães Rosa, Érico Veríssimo, Jorge Amado, Graciliano Ramos, José Lins do Rego e de outros grandões de nossas letras. Como eles também souberam que não estão acima de William Faulkner, Camões, Homero, Balzac e Joyce. Nem me julgo autor internacional, apenas meu trabalho tem alguma repercussão lá fora entre nós em algumas universidades e editoras nacionais que republicam alguns de meus livros.
O ficcionista Adonias Filho estava certo. Nada pior do que cruzar com certo tipo de autor ressentido, que nada produziu de importante para a literatura, em nível nacional. Adonias foi vítima desse tipo de autor ressentido. Não enxerga o outro e não quer que outros enxerguem. Imperfeito, contraditório, como todo ser humano, claro que sou. Não fosse seria divino. Tenho pena desses que tentam desfazer o escritor bem-sucedido, de dentes cerrados com o ciúme e o sadismo. Subtraem a vida.
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