"Para ler as Novas Poesias desse amado Poeta (Alberto de Oliveira), escolhi um repousado e claro domingo, de vivo sol e de céu escampo: meti o volume debaixo do braço, e, fugindo à poeira das demolições, ao alarido da cidade, aos apertões da gente endomingada, abalei para o alto das Paineiras. E foi à sombra de uma árvore anciã, em cuja copa chilravam aves, ao pé do velho aqueoduto em que a água límpida cantava e sobre qual bailavam as borboletas, que percorri, com uma delícia crescente, o livro suave.
Em torno de mim, a Vida das árvores, das águas, da luz, das aves, dos insetos burburinhava e fulgia: e, como o livro me falava justamente de tudo isso, - de cursos de água cantante, de árvores cheias de ninhos, de gorjeios de pássaros, de luz e de amores - eu tinha a ilusão de estar vendo, compendiada e fixada por milagre, nas trezentas páginas do volume que lia, toda a força e toda a meiguice da Natureza que me cercava."
Trecho de crônica escrita por Olavo Bilac em 1905, em "Bilac, O jornalista"
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