O jovem Alcibíades, em visita a uma escola, procurou saber se lá estavam as obras de Homero, “Ilíada” e “Odisseia”. Quando descobriu que ali não havia qualquer exemplar das duas obras que considerava fundamentais para o ensino, num rompante de agressividade, partiu aos socos para cima do professor. O gesto de Alcibíades pode ser interpretado como violento e politicamente incorreto por agredir um profissional de tal respeitabilidade. O problema é que o Alcibíades da historinha, acontecida por volta de 430 a. C., se tornaria nada menos do que o general e político ateniense, amigo do filósofo Sócrates, e não admitia que uma escola grega pudesse dispensar aqueles livros.
Não se imagina o que Alcibíades, se aqui baixasse, faria hoje nas escolas brasileiras, que ainda por cima sequer biblioteca possuem, e adoram indicar adaptações de Homero por serem politicamente corretas para a época, conterem termos e linguagem mais atuais e principalmente serem mais curtas para atender ao gosto atual do estudante brasileiro. No mínimo, Alcibíades traria todos os heróis gregos e troianos para dar uma surra generalizada em particular nos tais orientadores educacionais. Será que o que servia para o estudante grego da Antiguidade não serve para o leitor brasileiro de hoje?
Penso com tristeza que além da pergunta se serve ou não, vem antes a dúvida: o leitor brasileiro conseguiria entender?
ResponderExcluirPrecisamos de muitos Alcibíades atualmente