Nunca um livreiro foi tão atencioso com uma viúva. Desde a morte do marido, um apaixonado pelos livros, que reuniu uma boa biblioteca. Não era um bibliófilo ou fazia parte do grupo seleto, mas tinha lá em suas estantes uma ou outra coisinha de interesse. O agrado extremado do livreiro para com a viúva talvez se devesse à quantidade de volumes, que obteria a bom preço, e com um ótimo lucro. Era negócio certo. Ou alguém pensaria o contrário em dias de luto? Entre muitos elogios ao
finado, dias depois do enterro, o livreiro encheu um pequeno caminhão com livros. E literalmente voou para o depósito, suando frio. Nenhum mal-estar, felizmente, atacava o livreiro nem muito menos era o defunto fazendo das suas com o dedicado “amigo”.
Depois de horas vasculhando pilha por pilha de livros, o livreiro ainda se via desnorteado. Apesar de conseguir um bom preço pelo lote com obras tão boas e bem conservadas a precinho camarada, havia alguma coisa faltando. Era “ele”, o amado, o libertador, aquele que faria mais doce a aposentadoria do livreiro. Uma das obras realmente raras, que mesmo pequena valia uma grandiosidade em dinheiro. Não se fez
de rogado e resolveu perguntar à viúva.
- Ah, eu sei, aquele livrinho que mostrava sempre aos amigos? Ele deixava na cabeceira e toda noite folheava. Como gostava tanto, coloquei com ele no caixão
quarta-feira, junho 27
terça-feira, junho 26
Exemplo da Rio + 20 passa batido
Quando o mundo, em plena Rio + 20, aplaudiu a Capela Espaço da Humanidade, a biblioteca que oferecia 10 mil volumes do que se escreveu sobre e no Brasil, continuou o silêncio ensurdecedor da mesmice nos governos locais quanto ao papel da biblioteca mesmo no século XXI. A beleza do espaço ainda não apagou as idéias de quem acha ainda que o futuro está no laptop eleitoreiro e na destruição dos poucos acervos restantes.
quinta-feira, junho 14
Boa resposta
Ilustração para o artigo de Juan Cruz (“Libreros, la vida va a ser mejor, no tengan Duda”), publicado no jornal espanhol El País.
terça-feira, junho 12
Uma casa para o leitor
Apesar da crise, a Espanha está para inaugurar mais um espaço cultural em favor do livro e da leitura. Do antigo Maradouro Municipal de Madri, em fase de conclusão de obras, vai surgir a Casa do Leitor, projeto da Fundação Germán Sánchez Ruipérez, que pretende se tornar “um lugar muito especial, que fará dos leitores e da leitura seus protagonistas fundamentais” na capital espanhola. Segundo a Fundação, “o centro está preparado para o futuro por sua flexibilidade e por sua natureza aberta que acolhe tanto o impresso como o digital”.
Resposta rápida
Por que os pais, quando levam os filhos à livraria, nunca estão com dinheiro? Será que têm a mesma atitude quando vão a uma loja de brinquedos? Ou a uma dessas lanchonetes?
Mãe, sem o livreiro fazer qualquer comentário, vai logo afirmando:
- Vim mostrar o que é uma livraria.
Ao menos os filhos já sabem o que é uma livraria: um espaço cheio de livros que enche os olhos e dá vontade de ler, mas ficamos nisso.
- Depois volto com eles com mais calma.
Mas não tiveram calma suficiente para tudo futucar?
sexta-feira, junho 8
quarta-feira, junho 6
'O livro é uma arma carregada'
Morre o escritor norte-americano Ray Bradbury (91 anos), autor entre outros de “Crônicas marcianas” e “Farenheit 451”, publicado em 1953, uma fábula sobre o futuro em que os livros seriam os grandes inimigos da sociedade. Para conter tais “inimigos”, havia bombeiros com a única finalidade de atear fogo a qualquer volume. “Não estava prevendo o futuro, estava tentando preveni-lo”. Era a previsão de um mundo dominado cada vez mais pelo som e a imagem, seja da tevê ou da telinha do computador. “Então, vê agora por que os livros são tão odiados e temidos? Eles mostram os poros no rosto da vida. As pessoas acomodadas só querem rostos de cera, sem poros, sem pelos, sem expressão."
Como no livro, a sociedade de hoje se torna uma escrava atenta das telinhas e até se propõe a por ao alcance de todos um livro com tela como suporte. “Essa besta insidiosa, essa medusa que converte em pedra milhões de pessoas todas as noites mirando-a fixamente, essa sirene que chama e canta, que promete muito e que em realidade dá muito pouco”
FRASES
“Há piores coisas do que queimar livros, uma delas é não lê-los”
“Gosto de tocar um livro, respirá-lo, senti-lo, leva-lo. É algo que um computador não oferece.
“Sem livrarias o que faremos? Não haverá passado nem futuro”
segunda-feira, junho 4
A forcinha do MinC
Muitas prefeituras estão batendo palminhas para mais um agrado federal que vem aí. Com as eleições à porta, nada melhor do que uma forcinha externa para alavancar candidaturas e mesmo continuísmos. Chega a vez do Ministério da Cultura servir de bandeja governos municipais que passaram quatro anos gastando fortunas com a “cultura” de shows popularescos como nunca se viu. Enfim poderão implantar e até reformar as suas bibliotecas públicas. Muitas caindo aos pedaços, outras entregues às paredes descascadas e infiltrações, com acervos minguados. Sob a tutela de uma “Democratização do acesso”, através do Plano Nacional do Livro e Leitura, o investimento será de R$ 373 milhões, a maior parte (R$ 254 milhões) para colocar em dia as bibliotecas públicas que os prefeitos desprezaram durante todo o período. Outra vez o governo federal transforma em comprometidos com a cultura quem em nenhum momento sequer investiu um centavo em biblioteca no seu município. Ou mesmo gastou milhões para distribuir laptops, comprados além do número de estudantes, para uma população que vive às turras com a internet, principalmennte a anunciada "gratuita" do governo.
sexta-feira, junho 1
O que é isso, companheiro?
A extensa parede, que era azul, se bem em tom muito forte, se transformou num painel de grafiteiros. Até aí nada demais. Quem passa pelo local pensa logo em um espaço de muita festa, som ensurdecedor, talvez umas bebidinhas ou algo mais. Há enorme semelhança com paredes de casas de show bem mambembes.
O grafite, oficializado pelo governo, foi feito no prédio público (quer dizer térreo do anfiteatro) que abriga a biblioteca municipal de Maricá (RJ). Quem não conhecia o local agora nem sabe que há livros ali, nem tantos quanto deveria ter, porque sequer os desenhos fazem referência ao livro.
Lá dentro se respira mofo de paredes atingidas pela umidade. E o incauto deve se precaver quando pretender usar o espaço em dias chuvosos para não correr o risco de ler livros, que ainda restam, debaixo de chuveiro de goteiras.
Devido ao pioneirismo governamental dos petistas ao lançar a primeira biblioteca brasileira grafitada, há quem tenha definido o espaço como “mausoléu dos livros”. A mão de tinta no “túmulo” foi só para dar um colorido ao descaso.
O grafite, oficializado pelo governo, foi feito no prédio público (quer dizer térreo do anfiteatro) que abriga a biblioteca municipal de Maricá (RJ). Quem não conhecia o local agora nem sabe que há livros ali, nem tantos quanto deveria ter, porque sequer os desenhos fazem referência ao livro.
Lá dentro se respira mofo de paredes atingidas pela umidade. E o incauto deve se precaver quando pretender usar o espaço em dias chuvosos para não correr o risco de ler livros, que ainda restam, debaixo de chuveiro de goteiras.
Sempre há salvação
Quem disse que livro velho é para se jogar no lixo? Há sempre como recuperar o volume. Exposição na Biblioteca Nacional, no Rio, mostra que obras antigas, para muitos, irrecuperáveis, podem continuar vivendo ainda por outros séculos. Veja o caso do livro "La universa fabrica del mondo", de Giovanni Lorenzo d'Anania, publicado em 1573, antes e depois da restauração.
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