Nunca um livreiro foi tão atencioso com uma viúva. Desde a morte do marido, um apaixonado pelos livros, que reuniu uma boa biblioteca. Não era um bibliófilo ou fazia parte do grupo seleto, mas tinha lá em suas estantes uma ou outra coisinha de interesse. O agrado extremado do livreiro para com a viúva talvez se devesse à quantidade de volumes, que obteria a bom preço, e com um ótimo lucro. Era negócio certo. Ou alguém pensaria o contrário em dias de luto? Entre muitos elogios ao
finado, dias depois do enterro, o livreiro encheu um pequeno caminhão com livros. E literalmente voou para o depósito, suando frio. Nenhum mal-estar, felizmente, atacava o livreiro nem muito menos era o defunto fazendo das suas com o dedicado “amigo”.
Depois de horas vasculhando pilha por pilha de livros, o livreiro ainda se via desnorteado. Apesar de conseguir um bom preço pelo lote com obras tão boas e bem conservadas a precinho camarada, havia alguma coisa faltando. Era “ele”, o amado, o libertador, aquele que faria mais doce a aposentadoria do livreiro. Uma das obras realmente raras, que mesmo pequena valia uma grandiosidade em dinheiro. Não se fez
de rogado e resolveu perguntar à viúva.
- Ah, eu sei, aquele livrinho que mostrava sempre aos amigos? Ele deixava na cabeceira e toda noite folheava. Como gostava tanto, coloquei com ele no caixão
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