segunda-feira, março 31
Livraria mais antiga da Europa
Na
praça Rynek, em Cracóvia, na Polônia, entre restaurantes, bares, a igreja Santa
Maria e mesmo um pequeno cabaré subterrâneo, pouca gente repara nas enormes
janelas que servem de prateleiras para a livraria Matras. Apesar de considerada
como “a catedral dos livros”, segundo o escritor mexicano Carlos Fuentes, a
Matras ainda tem muita história para contar como a mais antiga livraria em
funcionamento na Europa. Foi em 1610,
cinco anos após a publicação de “Dom Quixote”, que o mercador alemão Franz
Jacob Mertzenich abriu a loja. Apesar de todos os esforços para
importar as últimas novidades da feira de Frankfurt, fechou as mortas em 1625.
O local ficou fechado por mais de dois séculos até ser reaberto e ostentar o
nome de Gebethner und Wolff até 1950. Conheça mais aqui
Cuidado!
"A cultura se diluiu, permitindo que o mercado imponha suas exigências sobre o produto cultural, promovendo sua desvalorização como função social. O que tem sucesso e se vende é bom, e o que fracassa e não conquista o público é mau"
Mario Vargas Llosa
Mario Vargas Llosa
sexta-feira, março 28
Leitura de cão
ilustração de Franco Matticchio
Apesar das insistentes notícias de que o
brasileiro lê mais, ainda há uma defasagem no número de locais de oferta de
leitura. Mesmo que o decreto presidencial tenha determinado a construção de
bibliotecas em escolas públicas e privadas até 2022 -
para seu cumprimento seria necessário inaugurar mais de 20 por dia - ainda
há muito espaço sobrando para espaços de leitura.
Para
se ver como as livrarias (sem falar em bibliotecas) perdem lugar para outras
lojas basta ver o que acontece quinta-feira, março 27
Imagens de guerra salvam bibliotecas
A situação das bibliotecas públicas, no Reino Unido, tinha
tudo para piorar. Dezenas que fechavam as portas, outras tantas corriam o mesmo
risco, e ainda havia o grupo das que se adaptaram, reduzindo horários ou se
integrando a um bar ou restaurante para ajudar aos custos. Segundo aviso dos
especialistas, a culpa era dos cortes públicos. Manifestações, campanhas e
petições saíram em defesa das bibliotecas. Entre eles Phil Bradley,
bibliotecário e blogger, que usou de originalidade para tentar reduzir os
danos.
A idéia foi utilizar os cartazes antigos com imagens das
Primeira e Segunda Guerras, bem familiares aos britânicos. "A palavra
guerra parece-me, talvez, ligeiramente exagerada, mas bibliotecários,
bibliotecas e seus serviços estão certamente sob ataque." Um programa
básico de Photoshop foi suficiente para Bradley, sem qualquer formação em
design gráfico, fazer a magia acontecer. A ideia, que ganhou corpo em 2011,
continua a circular na internet e redes sociais com bom feedback ainda este
ano. Os posters readaptados agora estão na linha da frente de protestos.
"As imagens são, geralmente, muito poderosas, com uma mensagem simples,
básica. São imagens muito imediatas, o que é importante se as pessoas quiserem
imprimi-las para usar durante protestos para salvar as suas bibliotecas. Também
de uma perspectiva muito prática, as imagens são do domínio público, o que quer
dizer que qualquer pessoa pode usar os originais e isso queria dizer que não
tinha de pedir autorização a ninguém."
Bradley defende com suas novas armas as bibliotecas como
espaços fundamentais: "Têm um valor incalculável para a comunidade, de
várias maneiras, não só por disponibilizar livros, música e filmes, mas como um
sítio seguro para as crianças poderem fazer os trabalhos de casa, para
desempregados que procuram novos trabalhos e carreiras, para pessoas que
precisam de ajuda e dicas em assuntos legais, também para grupos se
encontrarem, para aprender e explorar.Fechar uma biblioteca é um ataque à comunidade."
Para o bibliotecário blogueiro, a evolução social e
tecnológica, que abraça novas formas de desfrutar da leitura, não é um
obstáculo a ultrapassar, mas uma oportunidade. "A chegada dos livros em
formato eletrônico significa que as bibliotecas têm a possibilidade de fazer
muito mais e chegar a mais públicos. Agora, as pessoas podem nem vir à
biblioteca, a biblioteca pode ir até elas."
Defender os princípios básicos de uma democracia de acesso à
informação também está inserido na defesa bibliotecas, adianta Bradley, que só
pede a difusão das imagens que criou. "Usem online, em sites, páginas de
Facebook, blogues, ou imprimam-nas e usem em protestos, ou colem às paredes -
tudo o que ajude a passar a mensagem de que as bibliotecas são um direito e
existem para que todos as usem."
quarta-feira, março 26
Perdemos o hábito de leitura?
Reprodução do cartaz da bienal de novela
Se lê mais, mas de outra maneira e outro tipo de textos; agora mais
intensamente é preciso que alguém ordene, oriente, destaque o que se lê, como o
editor e o crítico literário. Essas seriam duas das mais importantes conclusões
da primeira mesa redonda da I Bienal de Novela Mario Vargas Llosa, que se
realiza em Lima, no Peru.
Segundo Winston Manrique e Jacqueline Fowks, de Papeles Perdidos, houve
uma perda da capacidade de concentração para se ler textos mais extensos e de
complexidade. A mesa redonda “O rumo da leitura no mundo atual” definiu que o
editor orienta o panorama, decide o que publicar e ajuda a corrigir e/ou
melhorar o livro, enquanto o “bom crítico literário” deve dar elementos de
juízo ao leitor sobre a obra, ajudar melhor o leitor a compreender o texto. A
questão é que isso é incompatível com a liberdade do que se publica tradicionalmente
na rede de internet. “Se lê mais, mas a maioria dos textos são banalidades e as
redes sociais vivem das simplificações”, diz Fernando Ampuero.
Pouco
antes da abertura o próprio Vargas Llosa falou sobre o tema: “A literatura pode
parecer uma atividade puramente prazenteira, uma espécie de anestesia do
espírito que se afasta do mundo do real, mas essa operação tem consequências enormes
e valiosas na vida real, sobretudo para as sociedades que não querem ficar
estagnadas e cair no conformismo, manter-se vivas, críticas, renovadoras,
criativas”.
Para Carlos Granes, da Cátedra Mario Vargas Llosa, “o rumo é a leitura,
conseguir que sigamos entusiasmados com os livros”.
“Lemos com a mesma
velocidade da época de Aristóteles, 400 palavras por minuto, assim é que por
mais livros eletrônicos que saiam não somos autômatos e temos nosso próprio
ritmo. O hábito de leitura se foi. Em 20 anos a leitura de livros será um
culto. O problema é nossa inaptidão para nos concentrar”, disse Sergio Vilela,
diretor editorial da Planeta para a região andina.terça-feira, março 25
A boa ideia e o mau uso
Todo dia é dia de livro para a população.
Basta acompanhar o noticiário em notinhas ou matérias que sempre se fala de
entrega de livros às bibliotecas ou de realização de feiras populares. Estão
lá, quando doações, o custo e o número de obras distribuídas e os pontos. A
ação é feita nas esferas estadual e municipal de grandes e pequenas regiões,
independente de partido.
O que chama a atenção é o descaso das
prefeituras fluminenses com projetos como o Mais Leitura, que oferece livros
novos a preços populares, entre R$ 2 e R$ 4. O Mais Leitura itinerante (foto do interior do caminhão) teve
início em setembro de 2013 e já vendeu mais de 150 mil livros. O “lojão” é um
estande de 48
metros quadrados que vem percorrendo diferentes
municípios fluminenses. No local são comercializados mais de 700 títulos de
cerca de 40 editoras parceiras.
Criado em 2011, o projeto conta com quatro
agências fixas instaladas na Região Metropolitana que já vendeu mais de 1
milhão de livros a preços populares.
Apesar
do sucesso, ainda há prefeituras que preferem deixar de lado as parcerias com o
governo estadual e apostarem em subsidiar a custos exorbitantes uma feira
privada com vendas de livros a preços nada populares, favorecendo os
comerciantes de outras localidades ao invés de fortalecer o próprio comércio. No
ano passado, em outubro, uma vilazinha despejou R$ 1 milhão do dinheiro público
para financiar uma dessas feiras ainda com farta distribuição de cupons na rede
pública que iam de R$ 50 para alunos e até R$ 200 para secretários se refestelarem
ou usarem como “doação” eleitoreira.
(Transcrito
de E Viva a Farofa! )
segunda-feira, março 24
Frase do dia
Heloísa Seixas, "Uma ilha chamada livro"
De volta às nuvens
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