A situação das bibliotecas públicas, no Reino Unido, tinha
tudo para piorar. Dezenas que fechavam as portas, outras tantas corriam o mesmo
risco, e ainda havia o grupo das que se adaptaram, reduzindo horários ou se
integrando a um bar ou restaurante para ajudar aos custos. Segundo aviso dos
especialistas, a culpa era dos cortes públicos. Manifestações, campanhas e
petições saíram em defesa das bibliotecas. Entre eles Phil Bradley,
bibliotecário e blogger, que usou de originalidade para tentar reduzir os
danos.
A idéia foi utilizar os cartazes antigos com imagens das
Primeira e Segunda Guerras, bem familiares aos britânicos. "A palavra
guerra parece-me, talvez, ligeiramente exagerada, mas bibliotecários,
bibliotecas e seus serviços estão certamente sob ataque." Um programa
básico de Photoshop foi suficiente para Bradley, sem qualquer formação em
design gráfico, fazer a magia acontecer. A ideia, que ganhou corpo em 2011,
continua a circular na internet e redes sociais com bom feedback ainda este
ano. Os posters readaptados agora estão na linha da frente de protestos.
"As imagens são, geralmente, muito poderosas, com uma mensagem simples,
básica. São imagens muito imediatas, o que é importante se as pessoas quiserem
imprimi-las para usar durante protestos para salvar as suas bibliotecas. Também
de uma perspectiva muito prática, as imagens são do domínio público, o que quer
dizer que qualquer pessoa pode usar os originais e isso queria dizer que não
tinha de pedir autorização a ninguém."
Bradley defende com suas novas armas as bibliotecas como
espaços fundamentais: "Têm um valor incalculável para a comunidade, de
várias maneiras, não só por disponibilizar livros, música e filmes, mas como um
sítio seguro para as crianças poderem fazer os trabalhos de casa, para
desempregados que procuram novos trabalhos e carreiras, para pessoas que
precisam de ajuda e dicas em assuntos legais, também para grupos se
encontrarem, para aprender e explorar.Fechar uma biblioteca é um ataque à comunidade."
Para o bibliotecário blogueiro, a evolução social e
tecnológica, que abraça novas formas de desfrutar da leitura, não é um
obstáculo a ultrapassar, mas uma oportunidade. "A chegada dos livros em
formato eletrônico significa que as bibliotecas têm a possibilidade de fazer
muito mais e chegar a mais públicos. Agora, as pessoas podem nem vir à
biblioteca, a biblioteca pode ir até elas."
Defender os princípios básicos de uma democracia de acesso à
informação também está inserido na defesa bibliotecas, adianta Bradley, que só
pede a difusão das imagens que criou. "Usem online, em sites, páginas de
Facebook, blogues, ou imprimam-nas e usem em protestos, ou colem às paredes -
tudo o que ajude a passar a mensagem de que as bibliotecas são um direito e
existem para que todos as usem."
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