quinta-feira, janeiro 16

O ideal

E então, uma torre de marfim, uma flor mística, uma estrela para se apaixonar... Passou, vi como se visse um amanhecer, fugitivo, rápido, implacável.

Era uma estátua antiga como uma alma que olhava nos olhos, olhos angelicais, toda ternura, todo azul celeste, todo enigma.

Ela sentiu que eu a beijava com o olhar e me puniu com a majestade de sua beleza, e me viu como uma rainha e como uma pomba. Mas passou de forma cativante, triunfante, como uma visão deslumbrante. E eu, o pobre pintor da Natureza e da Psique, criador de ritmos e de castelos aéreos, vi o vestido luminoso da fada, a estrela da sua tiara, e pensei na tão esperada promessa de um belo amor. Mas desse raio supremo e fatal, apenas um rosto de mulher, um sonho azul, permaneceu no fundo do meu cérebro.

Rubén Darío

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