Conheço muita gente que se apaixonou pela leitura no tempo em que a Fundação Calouste Gulbenkian tinha bibliotecas itinerantes e corria o país de lés a lés para levar livros a jovens e crianças de terras pequenas que ainda hoje, tantos anos passados, não têm uma livraria. Um desses casos é o de José Luís Peixoto, que me contou como esperava ansiosamente a chegada da carrinha para poder ir buscar mais um livro (e foi assim, se não me engano, que chegou a Dostoievsky). Estamos a milhas desse tempo, com uma rede de bibliotecas públicas apreciável, mas há países em que, infelizmente, não é assim. Li uma notícia sobre uma original biblioteca itinerante na Indonésia, fundada por um homem de 42 anos, pai de cinco filhos. Tratador de cavalos, este homem iniciou a biblioteca com uma doação de cem títulos e percorre as aldeias vizinhas três vezes por semana, levando nos alforges de um dos seus cavalos um número significativo de livros para as crianças. Espera-as normalmente nos intervalos escolares e empresta-lhes o que elas queiram ler. Segundo dados da Unesco, a Indonésia conseguiu reduzir para metade, entre 2004 e 2010, o número de analfabetos, e certamente pessoas como este senhor fazem todos os dias a diferença. Vai aí uma fotografia para se deliciarem. Boa Páscoa!
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