Manuel Moleiro com a réplica de um códice medieval |
Por estes dias o editor espanhol encontra-se no Porto, onde inaugurou na quinta-feira a exposição Tesouros Bibliográficos (séculos X-XV): A Arte e o Génio ao Serviço do Poder. Trata-se de uma oportunidade rara, diz Moleiro, para ver obras-primas da arte da cartografia e do livro como o Atlas Vallard (de 1547), o Breviário de Isabel a Católica (finais do século XV) ou a Bíblia de Saint Louis (1226-1234). Até 1 de maio, «é como se a Morgan Library de Nova Iorque, a British Library, a Biblioteca Nacional da Rússia, a Biblioteca Nacional de França e ainda outras grandes instituições mundiais» estivessem reunidas sob o teto do Palácio da Bolsa, no Porto, considera o editor. Embora não sejam, evidentemente, os códices originais a em exposição na Invicta, as cerca de 30 cópias exibidas revelam-se tão fiéis que é impossível, garante Moleiro, dar pela diferença.
A M. Moleiro Editor, que tem por divisa ‘a arte da perfeição’, acaba também de juntar ao seu catálogo de ‘quase-originais’ o Atlas Universal de Fernão Vaz Dourado. Nas palavras de Silvestre Lacerda, diretor da Torre do Tombo, trata-se de «um dos tesouros do Arquivo Nacional da Torre do Tombo e uma das obras mais marcantes da cartografia portuguesa e internacional».
Datado de 1571, o Atlas Universal de Dourado é uma obra de aparato, ou seja, destinada a deslumbrar e impressionar. Pouco sabemos hoje sobre o seu autor, mas presume-se que fosse «filho de Fernão Dourado, moço de corte que em 1513 embarcou em Lisboa para a Índia», nota João Carlos Garcia, professor da Universidade do Porto. «O nome Dourado, a ser tomado por alcunha, poderia apontar para uma origem profissional, porventura derivada de douradores ou de ourives», escreve Amélia Polónia, do Departamento de História e de Estudos Políticos e Internacionais da Universidade do Porto, no livro de estudos sobre o Atlas que acompanha a obra em fac-símile. De certo, só sabemos que foi um cartógrafo do qual nos chegaram cinco atlas e que se identificava pelo cargo militar de «fronteiro nestas partes da Índia». «Associava o domínio da topografia do terreno», continua Amélia Polónia, «às suas competências militares», tendo participado no segundo cerco de Diu em 1546.
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