sexta-feira, abril 29

Os poderes do livro


A Biblioteca Nacional promove, no dia 5, o colóquio “Os poderes do livro”, ciclo de palestras que marcam o lançamento de quatro volumes da Coleção Memória Editorial (Edusp/Com-Arte) e do primeiro número da edição da Revista Livro, editada pela ECA-USP. No evento, também está programada a conferência de Jean-Yves Mollier, um dos maiores nomes internacionais no estudo da história editorial e das perspectivas atuais para o livro, ao lado de Roger Chartier e Robert Darnton. Mollier apresenta a conferência “Os Poderes do Livro: Leitura e Censura no Mundo Contemporâneo”, promovendo uma reflexão sobre o papel do livro e da censura, no cenário em que os tradicionais suportes de leitura entram em xeque. Como pano de fundo, o autor explora os sistemas de censura e coerção durante as recentes revoltas no Egito e estados islâmicos.

Ainda haverá as palestras Paula Brito: Editor, Poeta e Artífice das Letras, com José de Paula Ramos Jr. (USP); Brasilianas: José Olympio, com Gustavo Sorá (Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas – Argentina); Gênese do Mercado Editorial Brasileiro Do Cordel à Bibliofilia, com Aníbal Bragança (UFF); e Monteiro Lobato: Intelectual, Empresário, Editor, com Alice M. Koshiyama (USP).

quinta-feira, abril 28

Discrição e prudência

Ouvir e fazer direito


Karine Pansa*



É prudente o tom discreto que o novo governo tem empregado à administração. Agradável surpresa num Brasil onde é corriqueiro o proselitismo político antes mesmo de se realizar algo concreto. Tal atitude é muito oportuna neste momento em que se exigem cuidado para gerir uma economia com risco de inflação e consumo desenfreado e ousadia para se aperfeiçoar estruturas e culturas obsoletas, garantindo-se a continuidade do crescimento do PIB.
Para se ter entendimento mais lúcido do que precisa ser feito doravante com vistas à conquista do sonhado desenvolvimento pleno e sustentável, o ato de dialogar com as organizações e diferentes grupos da sociedade civil pode ser um dos caminhos mais férteis do governo na busca de soluções. Neste aspecto, deve-se enfatizar a atitude do Ministério da Cultura e de instituições a ele vinculadas que atuam no âmbito do livro, um dos seus principais objetos de ação política, pela sua óbvia e inquestionável importância para a sociedade e o interesse nacional.
A recíproca tem sido verdadeira, pois o mercado editorial também vê o momento como oportuno ao debate com os órgãos competentes. Há questões prementes face ao novo cenário que se desenha no contexto da aquecida economia brasileira. Há certas assimetrias entre a pujança do nível de atividade e o anacronismo de leis e normas, resultante de algumas décadas de descaso. É preciso estabelecer um equilíbrio do marco legal em relação à nova realidade do Brasil e do mundo.
É o caso da proposta do anteprojeto da Lei de Direitos Autorais, que precisa de aprimoramentos antes de ser encaminhada ao Congresso Nacional. O governo, sabiamente, está sugerindo nova revisão antes de formalizar sua apresentação ao Legislativo. Outro exemplo refere-se ao estímulo a programas e políticas de fomento de acesso ao livro e à leitura, por meio da modernização de bibliotecas, implantação de iniciativas para a construção do hábito de ler e incentivo à criação e produção literária.
Acrescenta-se a esses itens a necessidade de desenvolvimento de práticas de comercialização e distribuição do livro, de maneira mais equânime e facilitada. Além disso, é necessário estabelecer melhor regulação do setor editorial ante o advento e expansão do livro digital.
São temas pertinentes, que têm recebido a devida atenção do Ministério da Cultura e suscitado produtivo entendimento e diálogo com o setor privado. Assim, cultiva-se no setor público o bom hábito de falar pouco e ouvir muito. Trata-se, sem dúvida, do caminho mais rápido para se fazer direito.

*Karine Pansa é presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL)

Pelo mundo

n O 'Retrato' não é o que conhecemos


A Harvard University Press anunciou o lançamento da versão original, comentada, do livro “O retrato de Dorian Gray”, única novela do irlandês Oscar Wilde (1854 -1900), na foto. Nos últimos 120 anos, o público só conheceu a obra editada por Ward, Lock and Co, de acordo com as exigências da época de seu lançamento em 1891. A versão original chegou a ser impressa, em capítulos, na revista Lippincott's Monthly Magazine, em 1890, mas causou escândalo e a versão conhecida em livro foi mutilada.

n Vem aí novidades na filosofia
O jornal The Guardian anunciou que foram descobertos novos textos do austríaco Ludwig Wittgenstein (1889-1951) desaparecidos durante a Segunda Grande Guerra, quando o filósofo judeu, refugiado em Cambridge, esteve internado em um hospital. São 17 mil palavras, inclusive manuscritas, e equações matemáticas encontradas pelo professor Arthur Gibson, da Universidade de Cambridge, que há três anos está trabalhando no material completo e inédito.
Com a inesperada morte de Francis Skinner, aluno e colaborador, Wittgenstein enviou o material para outro aluno, que ficou com a documentação até 1975, quando entregou-a à Mathematical Association. Sem arquivistas profissionais, a entidade repassou tudo à universidade.

quarta-feira, abril 27

Por que se fecham as livrarias?

Fecha-se uma livraria em Portugal e o que cá temos nós? Bem mais do que pensa nossa chã filosofia. Afinal, “as pessoas querem ler, mas não querem, propriamente, comprar livros. As pessoas querem comprar, mas não estão para se estar a chatear com idas a livrarias e problemas de estacionamento. (...) Compramos na sociedade do conforto. E de tanto conforto, um destes dias, não saberemos onde ir ver livros, porque as livrarias estarão todas fechadas”.
Quem assim analisa a relação da livraria e nossa existência é Luís Filipe Cristóvão, escritor e livreiro português, que publicou em "Todos os livros serão um só" o que pode ser o “epitáfio” para a Trama (foto), conceituada livraria em Lisboa. “Deixem-se de merdas, somos todos culpados” é uma reflexão sobre as livrarias e o atual mundo entulhado da parafernália eletrônica.
"O problema da Trama somos todos nós. Não sabemos o que andamos aqui a fazer. A dar salvas às novidades e a arrancar cabelos às coisas que partem. Cada vez mais, saber como ajudar à sobrevivência é a verdadeira questão"

Cidade investe nas bibliotecas

Iguaba Grande (RJ), com pouco mais de 22 mil habitantes, vem se destacando na Região dos Lagos pelo investimento da Secretaria de Educação e Cultura em bibliotecas escolares. A escola Margareth Pinheiro Freire Harley Canellas, instalada em um terreno cedido por fazendeiros para servir à comunidade, ganhou uma biblioteca que inclui até mesmo brinquedoteca e videoteca.
Na semana passada, a Prefeitura também inaugurou a Biblioteca Infantil Monteiro Lobato (foto), na Escola Municipal Paulino Pinto Pinheiro Filho.

terça-feira, abril 26

O livro ausente


Francisco Javier Martin Abril (1908-1997)

O mês de abril nos traz, junto à folha nova e o verde terno das colinas, a emoção do livro. Nos jornais e revistas, começam a aparecer artigos de elogio ao livro, e mais do que nunca experimentamos o gozo de nos aproximarmos de asseadas bancadas para examinar volumes e volumes até encontrar aquele que desejávamos ou pressentíamos.
Tem uma emoção singular entrar em casa comum livro novo. Primeiro o acariciamos com os olhos ao mesmo tempo que sentimos seu peso. Depois, lentamente, com moroso deleite que pomos nas coisas do espírito, iremos rompendo suas folhas sem guilhotinar para perceber o aroma do papel e da tinta. Cada livro, como cada flor,como cada paisagem, como cada lugar, tem seu perfume. Recorreremos com os olhos o índice, a nota de rodapé, a data da edição, e folhearemos aqui e ali com uma frívola antecipação da leitura tranquila.
No final, nos acomodaremos na poltrona do lugar predileto, não sem antes haver ajustado a luz, nem excessiva nem minguada, que requer o nobre prazer da leitura. A persiana tem aqui um papel essencial. Entrou um livro novo em nossa casa. Sairá logo dela, talvez pedido por um amigo a quem não podemos negar um pequeno empréstimo? Não sabem as pessoas o que custa deixar um livro. É um sacrifício doloroso para quem dia a dia teve o cuidado de formar sua biblioteca à custa de muitas renúncias. Quanto é fácil pedir um livro. E como é difícil recuperá-lo. O amigo dirá muito convencido: “Devolverei logo. Vou ler rapidinho”. Pouco amor ao livro demonstram tais frases. É um erro crer que os livros são apenas para serem lidos. Não. São também para ter-se, sentir sua companhia silenciosa, quem em momento determinado pode converter-se em uma conversa íntima.
Quando falta um livro de nossa biblioteca, sentimos que há uma vazio em nossa alma,um vazio que é ausência, e portanto dolorosa. Passa o tempo e o livro não volta a seu lugar. Encontramos muitas vezes com aquele amigo, que é de boa fé e constantemente nos faz promessa de devolução. Mas tudo fica na fronteira das palavras. O livro continua ausente.
Olhamos o pequeno exército de nossa biblioteca e vemos alguns claros em suas filas. E respeitamos os lugares dos livros ausentes da mesma maneira que respeitamos em nossa mesa o lugar da pessoa que está viajando.Viagens sem bilhete de volta são as dos livros. Por isso, quando nos pedem um livro, o melhor que podemos fazer é comprar outro exemplar para dar de presente. Por muito pouco podemos comprar a tranqüilidade de manter sempre por perto todos os livros que pouco a poucos fomos adquirindo. E iludir assim a nostalgia da sua ausência. Porque o livro ausente, como a pessoa ausente, só desperta em nós um amor inefável.

Tradução do blog - El jardín entrevisto (ensaios, Madri, 1953 – Editora Nacional)

Livros bomba

Mesmo em tempos de alta tecnologia eletrônica, os homens ainda continuam a tentar fazer dos livros grandes criminosos ou, no mínimo, cúmplices de sua idiotice. Se já foram os tempos em que se recortava o miolo de livros mais grossos, inclusive Bíblias, para esconder armas, agora terroristas indonésios abusaram dos livros para esconder armadilhas explosivas. Os volumes foram enviados para personalidades contrárias ao extremismo religioso, mas a tentativa de explodir os artefatos foi descoberta a tempo.

domingo, abril 24

Feliz Páscoa

Mais do que ovos de chocolate, o bom deste dia, de todo dia, é poder sempre "degustar" um livro.
Conselho de coelho

sábado, abril 23

Livro nosso de todo dia



O livro, entre as criações humanas, reina como a mais digna do homem e é sua companheira do início ao fim da vida. Fidelidade até nos últimos momentos. É ele, o Livro dos Livros que nos dá o "descanse em paz".
Não é só um fiel guardião do que o homem pensa, também é um bom ouvinte. Tem até orelhas. Quantos não conversam com ele? Discutimos com o autor, reclamamos da edição, nos queixamos de ser tão caro.
Livro é o único amigo de cabeceira. Companheiro inseparável é nele que pensamos quando nos perguntam que amigo levaríamos para uma ilha deserta.
Nosso nascimento está lá registrado no livro. Quando criança é nele que vamos ver as figuras, folhear página a página das histórias, que um dia leremos. Depois vamos descobrindo ainda mais seus encantos.
Companheiro de qualquer hora, até cabe no bolso - livro de bolso. São inúmeros durante nossa vida: Livro da Sabedoria; livro das crônicas; Livro de Horas; livro de ponto; Livro do Tombo; livro de registro; livro comercial. E quantos mais? Aqueles que amealhamos a cada época, por um sentimento, por uma necessidade. Na maior das vezes, pelo prazer da leitura. Os que nos são presenteados.
A nossa vida pode ser contada pelos livros que abrigamos em casa, mesmo em uma pequena estante com a maior amizade. O bibliófilo francês Jules Janin definiu o que pode ser o epitáfio do leitor:"Muitos homens não deixaram outra oração fúnebre senão o catálogo de sua biblioteca".
Vai a carne, mas fica a alma do leitor espalhada em pedaços, presenteada a amigos ou entregue aos sebistas. Vão seus livros recompor outras vidas, descobrir novos companheiros.


(Texto publicado há anos no tablóide Leitores&Livros, que não mais circula)

Dia do livro no mundo

Apesar de o Brasil apenas se lembrar da religiosa homenagem a São Jorge, em 23 de abril, por todo o mundo, é a data instituída pela Unesco para se comemorar o livro. A tradição surgiu na Catalunha, nos anos de 1920, mas a partir de 1931 passou a ser comemorada neste dia em lembrança da morte de Miguel de Cervantes. Foi a Espanha o primeiro país a lembrar de criar uma data para o livro. A tradição espanhola se espalhou por diversos países, mas ainda é rara ser lembrada no Brasil como uma data para se oferecer um livro e uma rosa à mulher amada. Um país que sequer lembra Monteiro Lobato seria pedir muito que homenageasse o livro e Cervantes.

sexta-feira, abril 22

O futuro das livrarias



Livreiros por todo canto foram acordados cedo nesta Sexta-Feira Santa com a reportagem publicada no jornal El País, "Qué será de las librarías?". Mesmo no Brasil livreiros recebiam bem cedo e-mails sobre a reportagem espanhola. "A livraria é um centro cultural. Em muitos lugares são os únicos centros que servem de porta-voz das inquietações da sociedade a que servem". Nesta abertura do texto vimos logo que refletiam por lá o que sempre defendemos nesta Vila. "Em certo tempo, na Espanha, as livrarias tiveram tanta importância social (e política) que resultaram objeto do ódio dos que, como Goebbels, viam na cultura uma ameaça". Palavras que aqui também poderiam ser ditas, e vividas.

Mas não são essas semelhanças que destacamos. É preciso todos lerem o que falam aqueles que já enfrentam a massacrante inclusão digital e o asfixiante poderio das grandes redes, que como acabaram com o comércio de esquina agora tendem a liquidar o que por lá chamam de livrarias de bairro, as independentes, e mais ainda as bibliotecas.


"(...) A saúde das cidades, dos bairros, dos povoados de um país se deve estimar pelo número de livrarias que possui"


"(...)Livraria e biblioteca, formando um compacto núcleo de atividade, deveriam estar sempre no horizonte dos gestores culturais públicos"

quarta-feira, abril 20

Day after

Quando se percorre o mundo, mesmo que pelas páginas da internet, fica-se com uma inveja dos projetos tão simples e repetitivos que em tantas cidades se realizaram, e se realizam, para festejar as datas comemorativas do livro. Governos até se esmeram em superar cada vez mais os recordes de público nos eventos. Outros procuram uma nova forma de comemoração. Em todos, no entanto, o destaque é a participação dos leitores. Quanto mais participantes mais se formarão leitores, mais se estimularão outros eventos e mais livros serão lidos. É quase uma corrente de prazer da leitura que estabelecem.
Pena, muita pena, que cidades medíocres, com governos de incapazes, não possam nem sonhar em ter comemorações dignas.


Tem governo que nem com óculos entende o que é o livro

segunda-feira, abril 18

Dia de Lobato, dia do livro infantil



n Festa no Pica-Pau Amarelo




Hoje é dia de festa com muita guloseima preparada por dona Benta e tia Nastácia, assessoradas por Narizinho. O sítio do Pica-Pau amarelo está em festa com muita bandeirinha no terreiro. Pedrinho comanda o foguetório junto com o moleque Saci. Em meio a montes de livros, o visconde de Sabugosa ainda está atrapalhado com o discurso de saudação ao "emérito escritor", que não muda de jeito algum. Na porteira, gente chegando de montão recebida pelo marquês de Rabicó. E no comando geral de toda festa, ninguém melhor do que a mais atrevida, petulante e espirituosa boneca de pano falante de todo o mundo: Emília. Afinal em seu coraçãozinho de pano bate um amor imenso - "não exageremos, porque ainda tenho umas questõezinhas com ele" - por José Bento Monteiro Lobato (Taubaté, 1882-São Paulo, 1948), o grande aniversariante do dia no Brasil. E como não podia deixar de ser, hoje é Dia Nacional do Livro Infantil.



"Marmelada de banana,


Bananada de goiaba,


Goiabada de marmelo,


Sítio do Pica-Pau Amarelo..."


n O livreiro



Monteiro Lobato


"Entre os mais humildes comércios do mundo está o do livreiro. Embora sua mercadoria seja a base da civilização, pois é nela que se fixa a experiência humana, o livro não interessa ao nosso estômago nem à nossa vaidade. Não é, portanto, compulsoriamente adquirido. O pão diz ao homem: - "Ou me compras ou morres de fome"; O batom diz à mulher: - "Ou me compras ou te acharão feia". E ambos são ouvidos. Mas se o livro alega que sem ele a ignorância se perpetua, os ignorantes dão de ombros, porque é próprio da ignorância sentir-se feliz em si mesma, como o porco com a lama. E, pois, o livreiro vende o artigo mais difícil de vender-se.


Qualquer outro lhe daria maiores lucros; ele o sabe e heroicamente permanece livreiro. E é graças a esta generosa abnegação que a árvore da cultura vai aos poucos aprofundando suas raízes e dilatando sua fronde. Suprima-se o livreiro e estará morto o livro - e com a morte do livro retrocederemos à Idade da Pedra, transfeitos em tapuias comedores de bichos de pau podre. A civilização vê no livreiro o abnegado zelador da lâmpada em que arde, perpetua, a trêmula chamazinha da cultura"




sexta-feira, abril 15

Agora somos marca patenteada



Às vésperas de mais um aniversário, a Canto do Livro ganha um presente: virou marca registrada. O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) deferiu no início do mês, por dez anos, a marca Canto do Livro Livraria na classe 35.

quarta-feira, abril 13

O sumiço do clássico

A noite chega cedo com as chuvas de verão. A parte velha da cidade fica debaixo de água; regatos correm pelo meio-fio. A livraria recebe freguês costumeiro. De boina e capa de chuva, saúda da porta o livreiro lá no fundo. Olha aqui, consulta ali. O leitor passeia pelas estantes. Os olhos cobiçam todos os livros. Quem nunca desejou todos os livros do mundo não é leitor. Gente de casa e amante de livros é perigo na certa para o livreiro. Olho mais atento para eles. Conhecem as obras, sabem o lugar de cada uma. De memória fotográfica, reconhecem o que querem pela lombada mesmo que as letras já estejam quase apagadas. Sabem direitinho que livro novo entrou na prateleira. Enfim, não escapa nada ao olhar que anos entre estantes desenvolveram. Com a chuva que se foi, ao fechar, também o livreiro viu que se foi uma edição ilustrada de um clássico. Coube no bolso da capa, onde viajou abrigada da chuva para outra estante. E lá ficou anos limpa, lida e relida. Mãos melhores e leitor mais fiel não poderia encontrar.

terça-feira, abril 12

Os editores já não são leitores apaixonados?

O escritor e editor alemão Michael Krüger, de 67 anos, em recente entrevista ao jornal espanhol El Pais, fala dos novos tempos para as editoras e principalmente para o livro, “organismo vivo”, que “quando bom tem vida mais longa do que o homem”. Autor publicado no Brasil, com “A última página” e “A violoncelista”, Krüger destaca a importância do editor para o livro: “O livro está à espera de um leitor. Se não aparece um, o livro morre. E os editores têm o dever de manter a obra viva”. Uma boa leitura aqui
“Todos sabem que 90% dos livros que se publicarão em 2011 não sobreviverão daqui a um ano. A maioria tem uma vida de seis meses. Os 10% restantes poderão ter uma sobrevida maior. Alguns livros, ainda que sejam importantes, são esquecidos”

Michael Krüger

segunda-feira, abril 11

Hora de poesia


A um livreiro que havia comido um canteiro de alfaces com vinagre

Gregório de Mattos (1633/1696)

Levou um livreiro a dente

De alface todo um canteiro

E comeu, sendo livreiro,

Desencardenadamente.

Porém, eu digo que mente

A quem disso o quer taxar;

Antes é para notar

Que trabalhou como um mouro,

Pois meter folhas no couro

Também é encadernar

quinta-feira, abril 7

Quem lê ganha prêmio

Maior site de vendas de livros no país, o Estante Virtual, que reúne acervos de 1.857 sebos e livreiros de 325 cidades, está lançando uma excelente campanha de incentivo à leitura. Os leitores concorrem (aqui) através de vídeos de no máximo 1 minuto sobre o tema “Toda maneira de ler vale a pena”. O primeiro colocado será premiado com viagem com acompanhante no valor de R$ 3 mil, mais R$ 300 em vale-livros. O segundo e terceiro colocados também recebem vale-livros de R$ 300 e R$ 150 respectivamente. A Estante Virtual acredita que toda maneira de ler vale a pena e divulga uma convocação da leitura com prazer.

Ler com prazer

nLeia sem seguir referências ou tendências

Quando criança, você foi ensinado que os clássicos devem ser cultuados. Já na fase adulta, teve que se acostumar com as intermináveis listas de referências bibliográficas acadêmicas e profissionais. E para completar, o mercado editorial dita, a todo momento, novas tendências literárias. Como encontrar prazer em meio a tudo isso? A resposta é simples: liberte-se! Escolha o livro que quer ler com base, unicamente, nos seus interesses, gostos e curiosidades.

nLeia sem obrigações ou metas

Na escola, você recebia uma lista obrigatória de livros e as datas das provas que avaliariam sua leitura. Assim, aprendeu a associar leitura somente à obrigação. Mas ler também pode ser sinônimo de prazer. Cada um tem o direito de ler no ritmo e na ordem que preferir: rápido ou lentamente, um livro por vez ou vários ao mesmo tempo, pular ou reler trechos, ler o final antes do começo, gostar de um livro ou mesmo abandoná-lo.

nLeia sem se limitar a lugares ou situações

Durante todos esses anos, você também aprendeu que leitura tem lugar determinado e hora certa. Mas ler é um ato que pode ser feito em qualquer lugar, dos tradicionais aos mais inusitados. A qualquer hora, todos os dias, nos finais de semana ou só quando sentir vontade.

quarta-feira, abril 6

+ Leitura de volta

O pequeno mas grande jornal de cultura de Maricá está novamente circulando no município. Nesta edição de + Leitura, a raridade dos livros na biblioteca caseira dos estudantes virou manchete. No ranking mundial, o Brasil fica em 53° lugar, penúltima posição, à frente apenas da Tunísia. Os jovens brasileiros conseguem no máximo reunir em casa dez obras literárias. Também são destaque as reportagens sobre os livros trancafiados na Biblioteca Nacional de Brasília, que há dois anos esperam os censores de segurança para serem acessados pelos leitores; a novidade dos táxis do Cairo com biblioteca para os usuários; e o alerta sobre o perigo de “desigualdade de leitura” com as novidades tecnológicas como o e-book. E ainda muito mais notícias sobre leitura, bibliotecas e livros. Quem desejar receber o + Leitura em pdf pode entrar em contato com cantodolivro@gmail.com

terça-feira, abril 5

Quando o livreiro é uma ilha

Cercado de livros por todos os lados, o livreiro sente-se uma ilha. Para cada ponto que vagueia os olhos, procura a chegada do livro “salvador”, nunca lido, sempre esperado.

segunda-feira, abril 4

História dos livros no Brasil

Os professores Aníbal Bragança e Márcia Abreu lançam no Rio de Janeiro, no dia 12, o livro “Impresso no Brasil – Dois séculos de livros brasileiros" (663 páginas, R$ 59), editado pela UNESP. O lançamento acontecerá a partir das 10 horas no Espaço Eliseu Visconti, na Biblioteca Nacional.

sábado, abril 2

Dia é do livro infantil


Hoje o livro infantil está em festa. Em mais de 60 países se comemora o Dia International do Livro Infantil, em homenagem ao nascimento do dinamarquês Hans Christian Andersen (1805-1875), o grande escritor do gênero, autor de histórias como "O patinho feio", "O soldadinho de chumbo" e a "Pequena vendedora de fósforos", entre muitas outras.

A data abre a série de comemorações que o livro recebe em abril. No dia 18, o Brasil lembra o Dia Nacional do Livro Infantil, em homenagem a Monteiro Lobato. No dia 23, será o Dia Internacional do Livro, em homenagem a Miguel de Cervantes, quando na Espanha se faz o tradicional Dia de São Jorge com a distribuição de livros e rosas vermelhas.

n Mensagem da International Board on Books for Young People - 2011
O livro recorda

Aino Pervik
"Quando Arno e seu pai chegaram à escola, as aulas já tinham começado". Em minha pátria, Estônia, quase todos sabem esta linha de cor. É a primeira linha de um livro chamado "Primavera". Foi publicado em 1912, e escrito pelo escritor estoniano Oskar Luts (1887-1953). "Primavera" é sobre as vidas das crianças que frequentaram uma escola de paróquia, na Estônia, no fim do século XIX. Oskar Luts estava escrevendo sobre sua própria infância. O personagem Arno é, na verdade, Oskar Luts quando criança. Pesquisadores estudam documentos antigos e, baseado neles, escrevem livros de história. Os livros de história falam sobre eventos que aconteceram, mas nem sempre são claros, no que diz respeito às vidas das pessoas comuns. Os livros de estórias recordam coisas que você não encontra em documentos antigos. Por exemplo, podem nos dizer o que um menino como Arno pensava quando ia à escola há 100 anos, ou o que as crianças daquela época sonhavam, do que elas tinham medo e o que as fazia felizes. O livro também recorda os pais das crianças, recorda o que eles queriam vir a ser, e o tipo de futuro que eles desejavam para suas crianças. Naturalmente, que também podemos escrever hoje livros sobre os tempos antigos, e eles costumam ser muito instigantes. Mas um escritor hoje não pode realmente saber sobre os cheiros e os gostos, os medos e as alegrias do passado distante. O escritor de hoje já sabe o que aconteceu e o que se tornou o futuro das pessoas que viveram no passado. O livro recorda o tempo em que foi escrito. Pelos livros de Charles Dickens podemos descobrir como era realmente a vida de um menino nas ruas de Londres, em meados do século XIX - no tempo de Oliver Twist. Através dos olhos de David Copperfield (os próprios olhos de Dickens naquele tempo), vemos todos os tipos de personagens que viviam, na Inglaterra, em meados do século XIX - como se relacionavam, e como seus pensamentos e sentimentos influenciaram seus relacionamentos. E também, porque David Copperfield era, de várias maneiras, o próprio Charles Dickens. Dickens não precisou inventar as coisas, ele simplesmente as conhecia. É igualmente por meio de um livro que sabemos realmente como foi para Tom Sawyer, Huckleberry Finn e seu amigo Jim viajarem pelo Mississipi, no fim do século XIX, quando Mark Twain escreveu sobre suas aventuras. Ele conhecia bem o que as pessoas daquele tempo pensavam umas das outras, porque ele viveu no meio dessas pessoas. Ele foi uma delas. Nos textos literários, os relatos mais exatos sobre os povos do passado são aqueles escritos por pessoas que viveram naquele tempo.

sexta-feira, abril 1

A diferença


Muita gente ainda não acredita que há diferença entre um vendedor de ração para cães e gatos e um livreiro. Apesar de ambos saberem tudo, ou quase tudo, sobre o produto que vendem, aí acaba a semelhança. O comerciante de ração nunca provou um tablete para saber o gosto do que vende. O livreiro sabe bem o prazer de apreciar o livro. Conhece seu cheiro, e depois, com muita calma, ainda pode saborear página por página sem qualquer contra indicação.