sábado, abril 2

Dia é do livro infantil


Hoje o livro infantil está em festa. Em mais de 60 países se comemora o Dia International do Livro Infantil, em homenagem ao nascimento do dinamarquês Hans Christian Andersen (1805-1875), o grande escritor do gênero, autor de histórias como "O patinho feio", "O soldadinho de chumbo" e a "Pequena vendedora de fósforos", entre muitas outras.

A data abre a série de comemorações que o livro recebe em abril. No dia 18, o Brasil lembra o Dia Nacional do Livro Infantil, em homenagem a Monteiro Lobato. No dia 23, será o Dia Internacional do Livro, em homenagem a Miguel de Cervantes, quando na Espanha se faz o tradicional Dia de São Jorge com a distribuição de livros e rosas vermelhas.

n Mensagem da International Board on Books for Young People - 2011
O livro recorda

Aino Pervik
"Quando Arno e seu pai chegaram à escola, as aulas já tinham começado". Em minha pátria, Estônia, quase todos sabem esta linha de cor. É a primeira linha de um livro chamado "Primavera". Foi publicado em 1912, e escrito pelo escritor estoniano Oskar Luts (1887-1953). "Primavera" é sobre as vidas das crianças que frequentaram uma escola de paróquia, na Estônia, no fim do século XIX. Oskar Luts estava escrevendo sobre sua própria infância. O personagem Arno é, na verdade, Oskar Luts quando criança. Pesquisadores estudam documentos antigos e, baseado neles, escrevem livros de história. Os livros de história falam sobre eventos que aconteceram, mas nem sempre são claros, no que diz respeito às vidas das pessoas comuns. Os livros de estórias recordam coisas que você não encontra em documentos antigos. Por exemplo, podem nos dizer o que um menino como Arno pensava quando ia à escola há 100 anos, ou o que as crianças daquela época sonhavam, do que elas tinham medo e o que as fazia felizes. O livro também recorda os pais das crianças, recorda o que eles queriam vir a ser, e o tipo de futuro que eles desejavam para suas crianças. Naturalmente, que também podemos escrever hoje livros sobre os tempos antigos, e eles costumam ser muito instigantes. Mas um escritor hoje não pode realmente saber sobre os cheiros e os gostos, os medos e as alegrias do passado distante. O escritor de hoje já sabe o que aconteceu e o que se tornou o futuro das pessoas que viveram no passado. O livro recorda o tempo em que foi escrito. Pelos livros de Charles Dickens podemos descobrir como era realmente a vida de um menino nas ruas de Londres, em meados do século XIX - no tempo de Oliver Twist. Através dos olhos de David Copperfield (os próprios olhos de Dickens naquele tempo), vemos todos os tipos de personagens que viviam, na Inglaterra, em meados do século XIX - como se relacionavam, e como seus pensamentos e sentimentos influenciaram seus relacionamentos. E também, porque David Copperfield era, de várias maneiras, o próprio Charles Dickens. Dickens não precisou inventar as coisas, ele simplesmente as conhecia. É igualmente por meio de um livro que sabemos realmente como foi para Tom Sawyer, Huckleberry Finn e seu amigo Jim viajarem pelo Mississipi, no fim do século XIX, quando Mark Twain escreveu sobre suas aventuras. Ele conhecia bem o que as pessoas daquele tempo pensavam umas das outras, porque ele viveu no meio dessas pessoas. Ele foi uma delas. Nos textos literários, os relatos mais exatos sobre os povos do passado são aqueles escritos por pessoas que viveram naquele tempo.

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