Tudo o que nele existia era velho, com exceção dos olhos que eram da cor do mar, alegres e indomáveis.
- Santiago - disse-lhe o garoto quando desciam do banco de areia para onde o barco fora puxado -, eu gostaria de tornar a sair com você. Tenho ganho algum dinheiro.
O velho ensinara o garoto a pescar e por isso ele o adorava.
- Não - respondeu-lhe o velho. - Você está num barco de sorte. Fique com eles.
- Mas lembre-se daquela vez em que passamos mais de oitenta dias sem apanhar coisa alguma e depois pescamos dos grandes, todos os dias, durante três semanas.
- Lembro-me muito bem - tornou o velho. - E sei que no período de má sorte você não me abandonou nem duvidou de mim.
- Foi papai quem me fez mudar de barco. Ainda sou um garoto e tenho de obedecer a ele.
- Eu sei - concordou o velho. - É natural.
- Papai não tem muita fé.
- Não - tornou a concordar o velho. - Mas não temos, não é verdade?
- Sim - afirmou o garoto. - Deixe-me oferecer a você uma cerveja na Esplanada, depois levamos estas coisas para casa. Aceita?
- Por que não? - respondeu o velho. - Entre pescadores...
Sentaram-se na Esplanada e alguns pescadores começaram a fazer troça do velho, mas ele não se zangou. Outros, os de mais idade, olharam para ele e sentiram-se tristes. Mas não o demonstraram e continuaram conversando, sem lhe dar importância, sobre as correntes e as profundidades a que tinham descido as suas linhas, sobre o bom tempo e as coisas que tinham visto ou feito durante o dia. Os pescadores que nesse dia haviam sido bem-sucedidos tinham chegado e limpado os espadartes, levando-os estendidos ao comprido sobre duas tábuas - dois homens sustentavam a ponta de cada tábua - para o armazém de peixes, onde ficavam à espera de que o transporte frigorífico os levasse para o mercado em Havana.
Aqueles que tinham apanhado tubarões carregavam-nos para a fábrica do outro lado da baía, onde eram içados e limpos, os fígados extraí, as barbatanas cortadas, as peles raspadas e a carne cortada em tiras para salgar.
Quando o vento soprava do nascente, a baía era invadida pelo cheiro que vinha da fábrica; hoje, porém, mal se notava o cheiro, pois o vento soprara para o norte e depois amainara rapidamente. Por esse motivo, a Esplanada estava muito agradável e batida de sol.
Sentaram-se na Esplanada e alguns pescadores começaram a fazer troça do velho, mas ele não se zangou. Outros, os de mais idade, olharam para ele e sentiram-se tristes. Mas não o demonstraram e continuaram conversando, sem lhe dar importância, sobre as correntes e as profundidades a que tinham descido as suas linhas, sobre o bom tempo e as coisas que tinham visto ou feito durante o dia. Os pescadores que nesse dia haviam sido bem-sucedidos tinham chegado e limpado os espadartes, levando-os estendidos ao comprido sobre duas tábuas - dois homens sustentavam a ponta de cada tábua - para o armazém de peixes, onde ficavam à espera de que o transporte frigorífico os levasse para o mercado em Havana.
Aqueles que tinham apanhado tubarões carregavam-nos para a fábrica do outro lado da baía, onde eram içados e limpos, os fígados extraí, as barbatanas cortadas, as peles raspadas e a carne cortada em tiras para salgar.
Quando o vento soprava do nascente, a baía era invadida pelo cheiro que vinha da fábrica; hoje, porém, mal se notava o cheiro, pois o vento soprara para o norte e depois amainara rapidamente. Por esse motivo, a Esplanada estava muito agradável e batida de sol.
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