Devorava, no começo rudemente, como numa orgia, sem foco definido, como um porco – para mim dava na mesma mordiscar pedaços de Faulkner ou de Flaubert -, embora logo tenha começado a notar sutis diferenças. Percebi, primeiro, que cada livro tinha um gosto diferente – doce, amargo, azedo, doce-amargo, rançoso, salgado, ácido. Notei também que cada sabor – e, com o passar do tempo a minha sensibilidade se tornando mais apurada, o sabor de cada página, de cada frase e, ao fim, de cada palavra – trazia consigo uma carga de imagens, representações mentais de coisas sobre as quais eu não sabia nada, devido à minha muito limitada experiência com o chamado mundo real: arranha-céus, portos, cavalos, canibais, uma árvore florida, uma cama desarrumada (…)
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