sexta-feira, janeiro 3

O poder da escrita criativa

Há várias formas de escrita criativa. Eu prefiro todas.

Mas a mais útil e abrangente é escrever a própria vida.

O que interessa mesmo é a comunicação, é o que liga as pessoas ao mundo do trabalho, da família e dos relacionamentos. A palavra certa, a frase certa na hora certa, são o triunfo da comunicação, da escrita criativa da sua própria história.

Todo mundo sabe que se aprende a escrever bem lendo autores que escrevem bem. Você vai absorvendo aquelas construções de frases, aqueles ritmos, aquelas formas de juntar as palavras, de descrever a ação e os sentimentos, você aprende sem sentir, com prazer, não é um trabalho ou um dever, é um lazer. Um lazer de casa.

A escrita criativa pode ser muito útil na comunicação comercial, na síntese e clareza de negociações e de propostas de trabalho. Nesse caso, recomendam os mestres digitais, tudo deve ser dito em no máximo cinco linhas de um e-mail. Além de efetiva, a comunicação tem que ser rápida e direta. Economiza tempo, que é o nosso bem mais precioso e irrecuperável.Uma escrita criativa pode ampliar bastante a construção de uma relação amorosa. Pelo poder de sedução das palavras, pelo aprofundamento de convergências, pela visão pessoal do outro e os sentimentos que desperta. Como dizia Fernando Pessoa, todas as cartas de amor são ridículas, mas elas são a história de um amor. E um dos mais poderosos instrumentos de sedução.

Antônio Maria era um grande jornalista e compositor dos anos 1950, um homem enorme, gordo e, como ele mesmo dizia, feio como um sapo. Só pedia cinco minutos de conversa criativa para se transformar em um príncipe para qualquer princesa. E tanto que ganhou a deusa Danusa Leão de Samuel Wainer, dono do jornal em que Maria escrevia. No poder da palavra.

Até na comunicação amorosa a escrita criativa pode poupar muito tempo e dissabores com brigas e mal-entendidos. É o caso da DR por e-mail. Ou Zap.

Todo mundo odeia e teme uma DR, que, no calor do momento, pode gerar brigas feias e provocar profundos desgastes na relação.

Já numa DR por escrito, há tempo para refletir, medir as palavras, modular o tom, ler e reler várias vezes, cortando excessos, acrescentando detalhes, para reler no dia seguinte, de cabeça fria, com outros olhos, com mais distanciamento e clareza. E só então mandar. Afinal, você quer mesmo resolver o problema e buscar a harmonia? Ou bater boca e armar barracos para disputar quem tem razão? O e-mail é o melhor meio. E, por ser escrito para o outro, acaba sendo escrito para você mesmo, e fica arquivado, você tem a responsabilidade pelo que escreveu. Como no jogo do bicho, vale o escrito! O bom é que pode ajudar a resolver a situação, o ruim é que pode ser usado contra você.

Um dos grandes mestres da escrita criativa, Gabriel García Màrquez, ensinava que no seu método o objetivo era, pelo ritmo das palavras e das frases, ir hipnotizando o leitor para levá-lo até o próximo parágrafo. E assim até o próximo, e o próximo, levado pelas cadências e sonoridades das palavras, como um rio.

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