Existem muitos escritores que são adorados, tanto em vida como depois da morte. Enquanto viveu, Oscar Wilde teve uma época de glória, mas também experimentou anos muito complicados: foi humilhado, esteve preso e acabou por morrer relativamente cedo. Conviveu com muitos dos bons e teve um séquito interessante, mas infelizmente foi levado por uma meningite. No entanto, mais de cem anos passados da sua morte (que ocorreu, como a de Eça, em 1900), é ainda um escritor profundamente amado pela sua ironia e um dos mais citados de sempre por causa das suas deliciosas máximas. Nas lojas de recordações do Reino Unido, de resto, há tapetes de rato, canecas de lápis, t-shirts e muitos outros materiais com frases de Wilde, todas magníficas (o difícil é escolher). E o escritor merece esse destaque, pois, mesmo que a sua vida tenha sido interrompida demasiado cedo, o tempo em que cá andou foi usado de forma muito útil para os leitores, desde os mais pequeninos (Wilde escreveu contos memoráveis como o Gigante Egoísta ou O Príncipe Felizpara crianças) aos mais velhos (O Retrato de Dorian Gray, seu único romance), e passou por uma variedade de géneros, desde a poesia, com que começou ainda estudante, à filosofia, ao conto e, sobretudo, ao teatro (onde pôde explorar o seu sarcasmo e o seu cinismo de forma extraordinária). Recentemente, pediram-me que prefaciasse um dos seus contos, O Fantasma de Canterville, e deliciei-me a lê-lo como da primeira vez. Um fantasma inglês com três séculos de idade e cheio de pergaminhos que não consegue assustar o embaixador americano e a sua família e acaba por ser vítima do seu pragmatismo só podia vir mesmo da cabeça do senhor Wilde. A ler este autor, até porque nos põe muito bem-dispostos.
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