terça-feira, julho 31

Terramarear

Uma das paixões que tive na adolescência foi uma coleção chamada Terramarear. Eram aventuras de piratas, usurpadores de tronos reais, heróis legendários, desbravadores de selvas e territórios inóspitos. Minha imaginação - ou o que eu viria a chamar depois de imaginário - e meu vocabulário básico se nutriram nessa fonte. Até hoje, se leio palavras como flibusteiro, espadachim, tilintar ou retinir (de espadas), amurada, vagalhões, recifes de coral, convés, um arrepio me leva de volta àquele tempo, em que eu, rapazola, começava a descobrir o mundo pela mais eficaz de todas as formas: a leitura. O fascínio provocado pela coleção já principiava pelo título. Numa época em que não tinha sido dado ainda o grito inicial do concretismo e as artes visuais e a linguagem não estavam tão ligadas, Terramarear era um achado. Em minhas lembranças mais antigas, Terramarear brilha como uma invocação mágica, um abre-te sésamo.

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