Entre a livralhada, um volume fechado. Na única vez em que foi manuseado, ficou marcado pela dedicatória na folha de rosto. O autor revela carinho e agradecimento. Hoje é uma vaga lembrança entre os editores já de tão pouca memória. Que dirá entre os leitores!
O ofertado se contentou em ler as críticas dos jornais. Vive badalado e bajulado. Na noite do autógrafo, preferiu a fotografia e a reportagem com o autor. De olho na lente do fotógrafo, ajustava a mira para, quem sabe, cair numa cadeira acadêmica. O autor era mais uma pedra na pavimentação da estrada dos refletores. Ao lado do autor, foi citado como um dos maiores intelectuais do país. A prova do desprezo pelos homens jogou no sebo.
O livro tem disso. Ensina até mais sobre os homens mesmo quando sequer foi lido. Uma frase de amizade num livro virgem que foi colocado de lado com muitos outros. Nenhum deles lido. Essas pedras usadas no caminho se dispersaram nos sebos. Agora o autor, tão doce em vida e humano nas letras, está pronto a, enfim, oferecer o que escreveu a quem é realmente digno dele: o verdadeiro leitor.
(Anotações líricas de velho alfarrabista)
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