quinta-feira, junho 30
Espaço sempre há
Há sempre um lugar para os livros. Mesmo que o espaço seja extremamente pequeno como nesta minicasa de 35 m². Se há livros, basta um pouco de criatividade para alojá-los adequadamente mesmo que seja por debaixo dos degraus da escada.
Livro vai a campo
O Ministério da Educação e a Secretaria de Esporte da Argentina, apoiados pela Associação de Futebol da Argentina, vai distribuir 500 mil livretos com contos de futebol escritos por autores latino-americanos nos estádios durante a Copa América, o que não é uma novidade naquele país. Os livros serão entregues aos torcedores nos estádios de Jujuy, Salta, Mendoza, San Juan, Santa Fé, Córdoba, La Plata e Buenos Aires para que o público possa ler enquanto espera o início da partida. Nos exemplares, estão obras do colombiano Gabriel García Márquez, do argentino Ernesto Sábato, do uruguaio Mario Benedetti e do mexicano Juan Villoro, entre outros. O Brasil será representado pelo conto "Abril, no Rio, em 1970", de Rubem Fonseca.
quarta-feira, junho 29
Leitura de Camus
No carro em que o escritor francês Albert Camus se acidentou, em 1960, foram encontrados os manuscritos do seu último romance, que seria lançado 35 anos após a tragédia. “O primeiro homem” permanece como uma obra na qual o leitor não encontra um desfecho determinado pelo escritor, morto aos 47 anos. Nessa sua última obra, Camus, Nobel de literatura em 1957, transcreve suas impressões da infância pobre na África – nasceu na cidade de Mondovi, na Argélia - para a trajetória do menino Jacques Cormery. Através do personagem, o autor leva o leitor a imaginar sons, visões e texturas, ao narrar situações difíceis como a morte do pai de Corney e sua relação com a mãe, quase surda-muda. Essa obra estará em debate na edição de julho do Clube de Leitura, promovido pela editora da UFF, que acontece na sexta-feira, das 19h às 21h, na livraria Icaraí (Rua Miguel de Frias 9, anexo) em Niterói.
terça-feira, junho 28
Libertador e leitor voraz
"Foi seu último livro completo. Tinha sido um leitor de voracidade imperturbável, tanto nas tréguas das batalhas como nos repousos do amor, mas sem ordem nem método. Lia a toda hora, com a luz que houvesse, ora passeando debaixo das árvores, ora a cavalo sob os sóis equatoriais, ora na penumbra dos coches trepidantes sobre os calçamentos de pedra, ora balouçando na rede enquanto ditava uma carta. Um livreiro de Lima se surpreendera com a abundância e a variedade das obras que selecionou de um catálogo geral onde havia desde os filósofos gregos até um tratado de quiromancia. Na juventude lera os românticos por influência de seu professor Simon Rodríguez, e continuou a devorá-los como se estivesse lendo a si mesmo com seu temperamento idealista e exaltado. Foram leituras passionais que o marcaram para o resto da vida. No fim havia lido tudo o que lhe caíra nas mãos, e não teve um autor predileto, mas muitos que o foram em diferentes épocas. As estantes das diversas casas onde viveu estiveram sempre abarrotadas, e os dormitórios e corredores acabavam convertidos em desfiladeiros de livros amontoados e montanhas de documentos errantes que proliferavam à sua passagem e o perseguiam sem misericórdia buscando a paz dos arquivos. Nunca chegou a ler tantos livros quantos possuía. Ao mudar de cidade entregava-os aos cuidados dos amigos de mais confiança, embora nunca voltasse a ter notícia deles, e a vida de guerra o obrigou a deixar um rastro de mais de quatrocentas léguas de livros e papéis, da Bolívia à Venezuela".
Eis o leitor inveterado Simón José Antonio de la Santísima Trinidad Bolívar y Palacios (1783/1830), o Libertador da América, descrito por Gabriel García Márquez em “O general em seu labirinto”.
Eis o leitor inveterado Simón José Antonio de la Santísima Trinidad Bolívar y Palacios (1783/1830), o Libertador da América, descrito por Gabriel García Márquez em “O general em seu labirinto”.
segunda-feira, junho 27
‘Velhos’, pro lixo!
Onde se queimam livros um dia acaba por se queimar pessoas. Algo parecido falou Henrich Heine (1797-1856), num claro alerta para o que quase um século depois aconteceria em sua Alemanha, quando os nazistas queimaram livros e depois pessoas. E aonde se joga biblioteca no lixo? Acaba-se por também dar o mesmo tratamento de imprestável aos seres humanos?
Num país, que se taxa como em desenvolvimento e proclama tanta disposição em acabar com a miséria, ainda há quem prefira jogar no lixo, sem sequer doar a bibliotecas comunitárias livros que estavam com “a velha ortografia”. E agora o acervo, em dia com a ortografia, enfeita as prateleiras de uma tradicional escola pública em Maricá, enquanto centenas de volumes, ainda em condições de ajudar muito leitor, foram condenados e despachados por estarem escritos dentro do “velho” acordo ortográfico. Apesar de pedidos de alunos e de professores, a higienização na biblioteca foi decretada com a eliminação dos “velhos” volumes.
A limpeza da modernidade, do desenvolvimento, decreta que os livros, com a velha ortografia, devem ser condenados aos quintos do inferno, no país em que milhares de pessoas não têm com que comprar livro mesmo a R$ 1.
Condenável a atitude de quem ordenou, do alto da sua sapiência pedagógica, essa destruição. E mais lamentável ainda que ocorra no mesmo colégio que lançou recentemente um informativo que dedica um dos seus artigos à leitura.
Num país, que se taxa como em desenvolvimento e proclama tanta disposição em acabar com a miséria, ainda há quem prefira jogar no lixo, sem sequer doar a bibliotecas comunitárias livros que estavam com “a velha ortografia”. E agora o acervo, em dia com a ortografia, enfeita as prateleiras de uma tradicional escola pública em Maricá, enquanto centenas de volumes, ainda em condições de ajudar muito leitor, foram condenados e despachados por estarem escritos dentro do “velho” acordo ortográfico. Apesar de pedidos de alunos e de professores, a higienização na biblioteca foi decretada com a eliminação dos “velhos” volumes.
A limpeza da modernidade, do desenvolvimento, decreta que os livros, com a velha ortografia, devem ser condenados aos quintos do inferno, no país em que milhares de pessoas não têm com que comprar livro mesmo a R$ 1.
Condenável a atitude de quem ordenou, do alto da sua sapiência pedagógica, essa destruição. E mais lamentável ainda que ocorra no mesmo colégio que lançou recentemente um informativo que dedica um dos seus artigos à leitura.
sexta-feira, junho 24
Quando a pedra vira livro... e arte
A artista plástica Denise Milan está expondo até o dia 15 na galeria Virgilio, em São Paulo, 25 obras inéditas reunidas na exposição Quartzoteca – A linguagem escondida das pedras. Lá pedras se transformam em livros para exibir outras pedras em situações complexas, diversas, delicadas e misteriosas.
quarta-feira, junho 22
O peso do livro
- Ufa, como pesa!
Velho professor, curvado de tanta aula, aparece na porta da livraria. Descarrega enormes sacos com livros agora sob guarda do livreiro.
- Pesa no bolso, quando se compra; e pesa depois no braço quando nos desfazemos dele.
Do meio daqueles montes, veio uma voz, um pouco cavernosa sufocada pelos companheiros.
- Peso é castigo de quem tanto serviu e agora é desprezado. Devia pesar era na cabeça, replica do fundo de tanta poeira.
Do meio daqueles montes, veio uma voz, um pouco cavernosa sufocada pelos companheiros.
- Peso é castigo de quem tanto serviu e agora é desprezado. Devia pesar era na cabeça, replica do fundo de tanta poeira.
O livreiro, que ouve a réplica do livrinho entre os “desprezados”, mostra-se filosófico:
- É um doce fardo sempre à disposição de oferecer seus prazeres ocultos.
E lá estão todos os volumes, agora limpos, organizados, dispostos a servir mais uma vez a quem deles precisa e vai fazer bom proveito. Silenciosos, mas atentos a cada visitante que chega, pois há sempre a oportunidade de encontrar um novo lar e, quem sabe, rever velhos amigos.
E lá estão todos os volumes, agora limpos, organizados, dispostos a servir mais uma vez a quem deles precisa e vai fazer bom proveito. Silenciosos, mas atentos a cada visitante que chega, pois há sempre a oportunidade de encontrar um novo lar e, quem sabe, rever velhos amigos.
segunda-feira, junho 20
Livro viajante e aventureiro
Todos carregamos em nossa existência esses velhos companheiros. Tem-se quase a impressão de que se agarraram, que se grudaram a nós. Livros da infância que acreditávamos perdidos de vez e que estavam escondidos ali, sempre presentes, sempre fiéis, com a tinta um pouco mais desbotada, o papel amarelado. Cada dobra que apresentam corresponde a uma de nossas rugas. Eis a história de um deles em “Leve-me com você - As aventuras de um livro viajante” (R$ 44, Octavo), de Paul Desalmand, que nasce com 230 gramas e viu a luz na gráfica de La Manutention, às 16h37m do dia 17 de junho de 1983.
As aventuras desde opúsculo começam na primeira ida à livraria, quando é abandonado no fundo de um depósito. Os encontros noturnos com os companheiros levam a conversas intrigantes. É o momento em que, pelo jogo das proximidades, Ana Karênina encontra San-Antonio, que papeia com um dicionário de citações que faz a corte a Virginia Woolf, ou, o “Crime e Castigo” de Dostoievski, em que o livro declara: “Só matei um piolho, Sonia um piolho inútil e nocivo” ou discussão entre Mauriac, Malraux, Malherbe, Marx e Maquiavel. As aventuras continuam protegendo uma leitora estendida na praia do sol de verão, embarcando para a África, acompanhando um mendigo sob as pontes de Paris, em posição de sentido na biblioteca de Nevers, até chegar à velhice e ao fim.
quarta-feira, junho 15
Falou!
"Se lêssemos mais, seríamos um país de gente mais sensível, de visão mais ampla, capaz de se entender melhor"
João Ubaldo Ribeiro
terça-feira, junho 14
Livraria ajuda a formar nova biblioteca
Há sete anos a livraria Canto do Livro colabora na formação de espaços de leitura no Rio de Janeiro. São quase 20 mil livros doados neste período em Maricá, em Itaipu e na capital fluminense. A mais nova doação ocorreu hoje com a entrega de aproximadamente 300 volumes dos mais diversos gêneros para o Centro de Produção Cultural, criado por Zélia Balbina e Alexandre Sampaio, da ong Poetas del Mundo. Os dois inauguram, no sábado, a partir das 18 horas, o novo polo de cultura para desenvolver uma série de projetos. O CPC , que assim já possui uma biblioteca inicial, fica na rua Domício da Gama, 107-B, em frente à praça Orlando de Barros Pimentel.
(Na foto, Zélia e, à esquerda, Alexandre)
segunda-feira, junho 13
Biblioteca escolar em debate
Um dia dedicado ao debate da biblioteca escolar é o que está previsto para esta terça-feira durante o 13º Seminário de Literatura Infantil e Juvenil para se discutir a lei federal que determina que as instituições de ensino tenham uma biblioteca e suas implicações. O encontro “Biblioteca da Escola: agora é lei!” acontece no Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens, no Centro de Convenções SulAmérica, no Centro do Rio.
Elizabeth Serra, secretária geral da FNLIJ, fará a abertura com “A importância da Lei Federal nº 12.244/2010”. Em seguida serão apresentados, entre outros, os trabalhos “O Olhar dos governos”, “Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) – Uma Avaliação Diagnóstica”, “Por um Brasil Literário – Lendo literatura na biblioteca escolar do Colégio Universitário Geraldo Reis-UFF.
O seminário ainda contará com trabalhos internacionais como “Leitores de tela: primeiros passos, primeiros vôos” (Sara Iglesias - Fundação German Sanchez Ruiperez, Espanha); “A biblioteca: um tema para todos na escola (Cecilia Bajour, Argentina) e
“Bibliotecas escolares e de salas de aula no México. São a lei? Estão na lei?” (Azucena Galindo Ortega – Diretora Geral do A Leer/IBBY, México).
Elizabeth Serra, secretária geral da FNLIJ, fará a abertura com “A importância da Lei Federal nº 12.244/2010”. Em seguida serão apresentados, entre outros, os trabalhos “O Olhar dos governos”, “Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) – Uma Avaliação Diagnóstica”, “Por um Brasil Literário – Lendo literatura na biblioteca escolar do Colégio Universitário Geraldo Reis-UFF.
O seminário ainda contará com trabalhos internacionais como “Leitores de tela: primeiros passos, primeiros vôos” (Sara Iglesias - Fundação German Sanchez Ruiperez, Espanha); “A biblioteca: um tema para todos na escola (Cecilia Bajour, Argentina) e
“Bibliotecas escolares e de salas de aula no México. São a lei? Estão na lei?” (Azucena Galindo Ortega – Diretora Geral do A Leer/IBBY, México).
Confira outros eventos no portal do Salão
sexta-feira, junho 10
Ornabi, uma vida em filme
Maior sebo brasileiro entre 1960 e 1980, reunindo 400 mil volumes, a livraria Ornabi (Organizadora Nacional de Bibliotecas), em São Paulo, fechou há tempos. Mas um pouco da história do espaço e do seu fundador, o português Luiz Oliveira Dias, ficou registrado no documentário "Livraria Ornabi", dirigido por Camilo Cassoli. A livraria chegou a ocupar três andares do Edifício das Arcadas, no Centro paulista, mas com o tempo ficou reduzida apenas a uma parte de um andar e resumida a um acervo de apenas 15 mil exemplares, comprados por uma universidade. Foram 62 anos de vida. O filme foi apresentado no ano passado em Cannes e na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Vale a pena assistir aqui
quinta-feira, junho 9
Biblioteca no campo de horrores!
“A maioria das pessoas no campo não sabia que ali, entre o barracão 5 e a secretaria, havia uma biblioteca (...)”. O ex-ministro da Cultura da França, o escritor espanhol Jorge Semprún (1923-2011), era então apenas o prisioneiro 44.904 do campo de concentração de Buchenwald, que enfrentava os horrores do local com a leitura.
quarta-feira, junho 8
Originalidade de uma ancestral blogueira
O homem chega à livraria descarregando pacotes e sacolas plásticas com livros. Quanto valeria aquela montoeira, obras que um dia formaram uma biblioteca particular de uma senhora leitora de esoterismo e autoajuda? Talvez à cata de descobrir uma raridade de valor para o livreiro pagar bem, pretende negociar. E eis que surgem as "preciosidades": perfeitos exemplares de hipertexto. Quando nem sequer sabia que estava em sintonia com o pensamento mais avançado da tecnologia da informação, como o filósofo norte-americano Ted Nelson, a leitora fez de cada volume um hipertexto. Exemplares e mais exemplares, lidos, anotados, com trechos sublinhados por canetas das mais diversas cores, ainda estavam com todos os espaços em branco, inclusive por trás das capas e orelhas, preenchidos por recortes de jornais e revistas. Todos referentes ao tema de cada livro - recortes de frases, notas, pequenas reportagens, até mesmo com trechos sublinhados.
Se as obras se tornaram especiais, pela interferência da leitora, única capaz de dar ordem na completa desordem em que se tornou cada exemplar, também ali se pode ver um blog muito especial e original, que a ancestral blogueira, nos anos 70, fez de cada exemplar lido.
Se as obras se tornaram especiais, pela interferência da leitora, única capaz de dar ordem na completa desordem em que se tornou cada exemplar, também ali se pode ver um blog muito especial e original, que a ancestral blogueira, nos anos 70, fez de cada exemplar lido.
terça-feira, junho 7
Súplica do livro
Não me manuseie com mãos sujas;
Não escreva em minhas páginas;
Não rasgue nem arranque minhas folhas;
Não apóie o cotovelo sobre minhas páginas durante a leitura;
Não me deixe sobre cadeiras ou lugares que não sejam meus;
Não me deixe com a lombada para cima;
Não coloque entre minhas folhas objeto algum mais espesso que uma folha de papel;
Não dobre os cantos de minhas folhas para marcar o ponto em que parou a leitura;
Use para isso uma tira de papel ou marcador apropriado;
Terminada a leitura, devolva-me ao lugar certo ou a quem deva guardar-me;
E ajude-me a conservar-me limpo e perfeito e eu o ajudarei a ser feliz.
(Texto divulgado nos anos 60 e 70 em filipetas de propaganda da livraria Império pelo livreiro Jorge Teixeira, no Rio. O folheto ainda indicava num mapa do Centro o endereço de todos os demais sebos da cidade)
Não escreva em minhas páginas;
Não rasgue nem arranque minhas folhas;
Não apóie o cotovelo sobre minhas páginas durante a leitura;
Não me deixe sobre cadeiras ou lugares que não sejam meus;
Não me deixe com a lombada para cima;
Não coloque entre minhas folhas objeto algum mais espesso que uma folha de papel;
Não dobre os cantos de minhas folhas para marcar o ponto em que parou a leitura;
Use para isso uma tira de papel ou marcador apropriado;
Terminada a leitura, devolva-me ao lugar certo ou a quem deva guardar-me;
E ajude-me a conservar-me limpo e perfeito e eu o ajudarei a ser feliz.
(Texto divulgado nos anos 60 e 70 em filipetas de propaganda da livraria Império pelo livreiro Jorge Teixeira, no Rio. O folheto ainda indicava num mapa do Centro o endereço de todos os demais sebos da cidade)
segunda-feira, junho 6
Começou o Salão das crianças e jovens
Foi aberto hoje, apenas para professores, no Centro de Convenções SulAmérica, próximo ao prédio da Prefeitura do Rio, o Salão do Livro para Crianças e Jovens, organizado há 13 anos pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. O evento, reunindo 63 editoras em 72 estandes, deve atrair um público de até 50 mil pessoas durante 12 dias.
Entre os destaques do Salão, está o debate sobre a lei sancionanda no ano passado, que determina a instalação de bibliotecas em todas as escolas, privadas e particulares do País, em até dez anos. Segundo Elizabeth Serra, secretária-geral da FNLIJ, em entrevista ao jornal O Gl.obo, "essa é uma briga antiga da fundação. A educação brasileira nunca incorporou a biblioteca, conceito que existe em todo mundo, e não temos aqui".
Serra disse que por falta de hábito da cultura escrita não se aprende que existe uma biblioteca pública, "que tem como obrigação manter os alunos como leitores". E isso teria que ser exercitado na escola, não por salas de leitura, como é costume no Brasil.
sexta-feira, junho 3
Achado de livraria
Meu livro no sebo (Carta a Floriano Lopes)
O autor ofereceu, com sincera dedicatória, o seu livro de trovas ao velho amigo Floriano Lopes. Tempos depois, percorrendo uma casa de livros usados, lá encontrou o volume, com dedicatória e tudo. Comprou-o e, sob a primitiva, pôs esta nova dedicatória: «Ao FIoriano Lopes, com a insistência do Rangel Coelho». E remeteu-lhe o livro, acompanhado da seguinte carta:
O autor ofereceu, com sincera dedicatória, o seu livro de trovas ao velho amigo Floriano Lopes. Tempos depois, percorrendo uma casa de livros usados, lá encontrou o volume, com dedicatória e tudo. Comprou-o e, sob a primitiva, pôs esta nova dedicatória: «Ao FIoriano Lopes, com a insistência do Rangel Coelho». E remeteu-lhe o livro, acompanhado da seguinte carta:
Meu querido Floriano.
Um grande abraço.
Nesta carta apressada, que lhe faço,
venho contar-lhe a história algo bacana,
com que me diverti nesta semana.
Velho frequentador de livrarias,
encontrei numa delas, há três dias,
o meu livro de trovas - jóia rara
que, quando veio a lume, eu lhe ofertara.
venho contar-lhe a história algo bacana,
com que me diverti nesta semana.
Velho frequentador de livrarias,
encontrei numa delas, há três dias,
o meu livro de trovas - jóia rara
que, quando veio a lume, eu lhe ofertara.
Conhecendo você, logo percebo
que se meu livro foi parar no sebo,
a culpa não foi sua. Com certeza,
algum larápio, cheio de esperteza,
o retirou aí de sua estante
e se desapertou, passando-o adiante.
Quís o destino que, de face a face,
na velha livraria eu o encontrasse
em meio de outros livros - coitadinho!
como um canário que perdesse o ninho.
que se meu livro foi parar no sebo,
a culpa não foi sua. Com certeza,
algum larápio, cheio de esperteza,
o retirou aí de sua estante
e se desapertou, passando-o adiante.
Quís o destino que, de face a face,
na velha livraria eu o encontrasse
em meio de outros livros - coitadinho!
como um canário que perdesse o ninho.
Encontrei-o, comprei-o. E, renitente,
ofereço-lho agora, novamente,
certo de que você, mais precavido,
para evitar os furtos de um sabido,
o guardará, visando a melhor sorte,
num cofre de aço ou numa caixa forte,
ou que talvez o ponha no seguro
contra possíveis roubos no futuro.
Conserve-o, caro amigo, sem desdouro,
como se se tratasse de um tesouro,
pois meu livrinho, embora obra bisonha,
ofereço-lho agora, novamente,
certo de que você, mais precavido,
para evitar os furtos de um sabido,
o guardará, visando a melhor sorte,
num cofre de aço ou numa caixa forte,
ou que talvez o ponha no seguro
contra possíveis roubos no futuro.
Conserve-o, caro amigo, sem desdouro,
como se se tratasse de um tesouro,
pois meu livrinho, embora obra bisonha,
guarda os sonhos de um velho que ainda
sonha, de um velho-moço, de um senil-mancebo
que, por ser limpo, tem horror ao sebo.
E aqui fica, depois deste conselho,
seu amigo de sempre
Rangel Coelho
(O texto de Rangel Coelho está em “Meu barro municipal”, publicado pela Arsgráfica
Editora, em 1977. Exemplar autografado faz parte do acervo da livraria. E apesar da carta, outro exemplar voltou para o sebo )
sonha, de um velho-moço, de um senil-mancebo
que, por ser limpo, tem horror ao sebo.
E aqui fica, depois deste conselho,
seu amigo de sempre
Rangel Coelho
(O texto de Rangel Coelho está em “Meu barro municipal”, publicado pela Arsgráfica
Editora, em 1977. Exemplar autografado faz parte do acervo da livraria. E apesar da carta, outro exemplar voltou para o sebo )
quarta-feira, junho 1
'Paraísos' à venda
A livraria que serviu de cenário para a comédia romântica ""Um lugar chamado Notting Hill" (1999), estrelada por Julia Roberts e Hugh Grant, está à venda. The Travel Book Shop (foto acima), especializada em livros de viagem, existe há 32 anos em uma das travessas de Portobello Road, no bairro londrino de Notting Hill. Como os filhos não querem dirigir a loja, o proprietário, que mora na França, decidiu acabar com o negócio, segundo anunciou o Bookseller.
Nos Estados Unidos, outra livraria do gênero vai fechar só a loja. Especializado em guias de turismo e mapas, o Globe Corner Bookstore, em Cambridge, está à venda desde novembro devido a problemas de saúde do proprietário. No entanto, a Globe continuará vendendo através da internet.
Um dos mascotes da loja destruída
Também o Ben Franklin Bookstore, conhecido como Worcester Antiquarian Book Center, fundado há 46 anos, no estado de Massachusetts, deveria fechar no segundo semestre. No entanto, um incêndio no último fim de semana, devido a um curto circuito, antecipou o fim da livraria. O fogo destruiu a loja, todo o acervo de raridades e ainda matou dois gatos que eram os mascotes do Ben Franklin.
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